“Deus escreve certo por linhas tortas”. Este provérbio popular tem um
poder, o de nos levar a avaliar os eventos que vivemos sob outro aspecto, nos
estimula a interpretar as desventuras que nos acometem no sentido do que elas
têm a nos ensinar. E isso pode valer para qualquer frustração que
experimentemos, de desilusões amorosas, a momentos de sufoco financeiro, à
Covid-19.
Sim,
é difícil imaginar um lado positivo em uma pandemia que já atingiu quase um
milhão e tirou a vida de mais de 47 mil pessoas no mundo, mas é preciso tentar
entender o que essa tragédia tem a nos ensinar.
O
que mais me chama atenção, em um primeiro momento, é o modo como o novo
coronavírus está afetando as relações humanas. Para quem segue as medidas de
isolamento defendidas por infectologistas, pelos líderes de 157 países e pela
Organização Mundial de Saúde, de uma hora para outra fomos obrigados a nos
trancar em casa. Perdemos a presença física daqueles com quem costumávamos
conviver, especialmente dos idosos, mais suscetíveis aos efeitos nocivos da
doença, e quando vamos ao mercado, uma das poucas saídas justificáveis em um momento
como este, precisamos manter uma distância de 1,5 metro do próximo da fila.
Mais
do que isso, de repente fomos impossibilitados de cumprimentar nossos vizinhos
com um aperto de mão, de abraçar os nossos amigos e de beijar aqueles que
amamos e não moram conosco. Parece desfecho de filme de ficção científica, mas
há cerca de duas semanas essa se tornou a nossa realidade, e ainda não dá para
saber até quando isso irá durar.
Me
fascina pensar como tudo isso vem ocorrendo em plena era digital, quando já
passávamos o dia com a cara no computador e os olhos sempre atentos aos nossos
telefones celulares, muitas vezes à mesa de jantar e às custas de atenção às
pessoas que estavam bem na nossa frente, em carne e osso.
Pela
lógica que vínhamos vivendo, uma quarentena não deveria ser algo assim tão
sofrido, uma vez que já estávamos “conectados” o tempo inteiro. Mas,
pelo que ando percebendo por mim e por aqueles com os quais hoje só converso
por WhatsApp, Skype, Facebook, etc., incluindo meu pai idoso e minha mãe com
problemas pulmonares, as pessoas estão sentindo falta principalmente do contato
próximo com as outras.
E
talvez seja justamente isso que essa pandemia tem a nos ensinar, o valor do
toque e a importância de estar perto. Talvez entendamos isso agora que estamos
separados. Pois, como nos revelam as ações de contágio da epidemia, ninguém
está de fato isolado. Estamos todos na Terra e precisamos uns dos outros para
viver.
E,
quando tudo isso passar, quem sabe a gente compreenda, de uma vez por todas, o
que é estar conectado.
Com informações do site Aleteia
Comentários
Postar um comentário