Um amor novo não vai apagar as emoções e
acontecimentos do antigo. Ele não tem esse papel. Mas sim, ele tem ares de
recomeço. É um novo ponto de partida, que sai de onde a vida parou e parte para
onde a vida vai ficar colorida de novo.
Não existem limites, quantidades definidas para
amar. É engano achar que um primeiro amor foi o único a ser legítimo e intenso.
Todo amor, se for amor de verdade, tem poder para ser assim. Basta que haja
entrega, sem medos nem reservas absurdas.
Amar de novo tem sabor de novidade; é uma esperança
de voltar a ser feliz com intensidade, de sentir o sangue correr apressado, num
ritmo que volta a ser ditado por um coração acelerado.
Há quem diga que um novo amor tem ares de
renascimento. Que seja! Nada melhor que renascer e escrever novos capítulos
nessa vida que fica bem mais bonita quando preenchida de amor. Ou quem sabe não
seria esta a oportunidade perfeita para redigir uma história inteira, cujo
ponto final não esteja ao alcance da vista?
Deixar no passado o que já foi, aliviar as dores
das marcas que ficaram. Elas jamais poderão ser apagadas, mas podem deixar de
serem doloridas, saradas pela alegria de ter a quem amar, em quem pousar e fazer
um novo abrigo.
Nenhum amor é como o outro, não se ama igual, nem
se deve fazer mais nada igual. Nem o caminhar de mãos dadas tem o mesmo
significado; tampouco o sentido do caminhar é o mesmo. É para uma outra direção
que se vai com um amor novo, um rumo nunca visto antes, com possibilidades
totalmente novas.
Voltar a amar é força; é movimento novo em águas
que já foram turvas ou revoltas, mas que agora seguem outro curso, feitas
transparentes pela calmaria que chega agora. Mas não, não é uma calmaria que
faz parar, é apenas um sossego bem-vindo e necessário.
É uma quietude que desinquieta, que provoca frio na
espinha e mexe por dentro. Não se pode
ser a mesma pessoa depois desse ar de renovo. Mas afinal, quem haveria de querer
ser?
É um desafio, que congela e ao mesmo tempo empurra,
põe pra frente, faz querer embarcar em um carrossel de emoções, algumas nunca
antes experimentadas, que é onde está a maior graça desse novo embarque. Às
vezes entontece, mas é de puro prazer. E envaidece também.
Feito de prazo indeterminado e sem garantias de ser
eterno, embora isso nem importe tanto. Dure o tempo que durar, fique o tempo
que tenha vindo para ficar. Mas que seja o suficiente para se tornar
inesquecível e fazer valer a pena o extraordinário risco que é amar de novo.
Alessandra Piassarollo
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