Ter um irmão é aprender desde cedo o que é cumplicidade.



Ter um irmão é coisa boa e doida! Ter mais de um, é coisa toda! Ter um irmão é aprender desde cedo o que é cumplicidade. É dividir um “se o pai te pega...” ou “num conta para a mãe!”
É saber aceitar desde cedo – e sem traumas – que a calça de um, passa pro outro.
Que, na hora da comida, chega de brincadeira! E que, por mais que um impeça, o outro sempre vai mexer nas suas coisas.
Ter um irmão é compartilhar memórias:
“Você lembra aquela vez que a mãe pegou a gente pulando a janela?”
“Vixe, se lembro”...
É sempre disputar quem é o preferido, e sempre achar que o preferido, é o outro.
Ter um irmão é dividir memórias e sabores. É lembrar das viagens para a casa do vovô, dividir o franguinho com batatas da vovó, e que no quintal da casa deles tinha um balanço.

Um irmão mais velho, às vezes é um protetor... que busca na escola ou esquenta a ‘janta’, enquanto a mãe não chega. Que ensina a andar de bicicleta, ainda que queira bater na cabeça da gente, que às vezes, confunde o papel de irmão e vai se metendo em tudo, dando ordem e muita bronca, mas que morre de medo de que algo ruim nos aconteça.
Um irmão mais novo, às vezes, dá nos nervos! A gente tenta relevar, fazer vista grossa, até que perde a paciência, xinga, se revolta e... perdoa. Porque, afinal, o coração não aguenta.
Às vezes, um irmão é um melhor amigo e, quando isso acontece, é presente de Deus! É cochichar segredos com a luz apagada e ouvir a mãe gritando do quarto – e rindo por dentro – “Xiiiiu! Amanhã tem aula, gente!”
É dar cobertura para um, quando esse se atrasa. É assumir a culpa do outro por simples proteção. É emprestar a jaqueta preferida para o primeiro encontro e exigir uma jaqueta nova, quando sabe que o encontro foi bom.
Mas nem sempre os laços de sangue formam laços de afinidade. E aí, a gente passa um longo tempo tentando arrumar papo, relevar discussões ou encobrir mágoas...
Um tempo longo até perceber que algumas relações, simplesmente não se estreitam, mas que, se houver respeito, a convivência pode se tornar um tanto mais leve.
Ter muitos irmãos significa barulho, panela grande e delicioso caos. É ter álbum de família com muitos, muitos primos, sobrinhos e toda a sorte de gente que vai se achegando.
É ter muita afinidade com um e menos com outro. É, por um tempo, sentir-se bem próximo deste e tão distante daquele...
Ter um irmão é se acostumar com a presença de um e ter a certeza de que o outro estará sempre ali, e se nos reveses da vida, um se despede de repente, o coração do outro, sangra. Sangra muito! Até que um dia as memórias lindas ajudam a cicatrizar a ferida...
Ter um irmão é reclamar que o outro é um grande bagunceiro, que a outra é meio folgada, que um nunca seca a louça. E que a outra “leva mamãe no bico”.
Ter um irmão é dividir um passado, é desenhar um futuro juntos e, quando o futuro chega, mesmo que separados, ter um irmão é saber que o outro está lá.
Ter um irmão é deixar de ser filho, quando a idade dos pais chega. É poder dividir um: “você foi ver mamãe, hoje?” ou “vai trabalhar tranquilo. Passei lá e papai está ótimo.”
E, no final de tudo, poder chorar abraçados, agradecendo a Deus pela oportunidade de ter um ao outro quando a jornada deles se cumpre...
Talvez, ter um irmão seja tudo isso! Acho até que muito mais! Só sei que a caminhada fica mais bonita e completa quando se tem um irmão.

Via: O Segredo

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