É
preciso aprender a parar de insistir naquilo que não é pra gente. É preciso
aprender a aceitar que desejar muito alguma coisa não garante que ela seja
nossa. É preciso aprender a sair de cena quando tudo já foi dito, esclarecido,
colocado em pratos limpos e não há mais lugar pra gente naquela história.
Coco
Chanel era uma mulher muito elegante, não somente na forma de se vestir, mas
também no comportamento. De origem pobre, órfã de mãe na infância, iniciou sua
carreira com uma pequena chapelaria e posteriormente conquistou o mundo da moda
com seu estilo clássico, inovador e muito sofisticado. Porém, muito além de ser
um ícone da alta costura, essa mulher cheia de atitude revolucionou os costumes
da época, e se tornou símbolo de coragem, resistência e liberdade feminina.
Pesquisando sobre essa grande mulher, me deparei com uma das frases atribuídas
a ela, e me encantei profundamente, pois exprime sua personalidade independente
e muito refinada: “A mulher tem que saber
a hora exata de sair de cena. Mesmo que essa hora seja muito dolorosa”.
Saber
a hora de sair de cena é um dos conhecimentos mais importantes que se pode ter,
e demonstra bom senso, amor próprio, coragem, independência, liberdade e
autonomia. Nem sempre é fácil ou óbvio perceber que nosso tempo chegou ao fim.
Nem sempre conseguimos assimilar ou acreditar que aquilo que queríamos tanto
não está reservado pra gente. Nem sempre conseguimos abrir mão de nossos
sonhos, planos, desejos e expectativas numa boa, mesmo que nossa hora tenha
passado. Não é fácil entender que nem tudo o que a gente quer, nos servirá. E
saber sair de cena, mesmo que isso cause muita dor, é algo que não nos ensinam,
mas que precisamos aprender.
É
preciso aprender a parar de insistir naquilo que não é pra gente. É preciso
aprender a aceitar que desejar muito alguma coisa não garante que ela seja
nossa. É preciso aprender a sair de cena quando tudo já foi dito, esclarecido,
colocado em pratos limpos e não há mais lugar pra gente naquela história. É
preciso aprender a aceitar as frustrações, os desejos desfeitos, a necessidade
de fazer as malas e de tirar a mesa.
Ser
elegante no comportamento é ter bom senso. Bom senso na hora de falar, de
calar, de nos expressar com extroversão ou discrição. Mas, principalmente, bom
senso na hora de perceber onde estamos sobrando. Bom senso de sairmos à
francesa de lugares onde não cabemos mais.
Sair
de cena quando tudo o que a gente queria é que a história não tivesse fim é uma
das decisões mais difíceis e dolorosas que existem. Mesmo assim, mais vale a
dor advinda de um distanciamento sadio que a falsa e humilhada alegria de
permanecer num lugar onde não somos bem-vindos.
Temos
que entender que merecemos um amor recíproco, inteiro, companheiro, verdadeiro.
Quem se submete a amores menores e unilaterais acreditou que é merecedor de
pouca coisa, de afetos rasos e parciais. Por isso é tão importante discernir
onde se deve ou não permanecer. Por isso é essencial descobrir a hora de fazer
as malas e deixar de prorrogar nossa presença onde não somos mais considerados
convidados especiais.
Quem
lhe quer, o trata como convidado especial. Quem o deseja, acolhe-o com alegria
e satisfação. Quem o admira, tem brilho nos olhos quando o vê chegar. Pequenos
gestos nos dão pistas de onde devemos ou não permanecer. Pequenas atitudes nos
ajudam a discernir se é chegada a hora de partir. Pois como diz a letra da
música “You’ve got to learn”, de Nina
Simone, “Você tem de aprender a sair da
mesa quando o amor já não está sendo servido...”
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