Há
quem afirme que “para esquecer um grande
amor é necessário encontrar outro” e isso é tão errado quanto cruel.
Começar uma história com resquícios de sentimentos e traumas anteriores é, além
de constrangedor um desgaste desnecessário.
Ficar
falando e ouvindo do ex, ser comparado o tempo todo e ter o nome trocado é uma
falta de respeito sem tamanho. Entenda: se o relacionamento continua presente
dentro de você, ainda não é o momento de começar uma nova história.
Cada
um de nós tem um tempo para a cura. Alguns superam mais rápido, outros precisam
de um tempo maior, que envolve sessões de terapia, conselhos de amigos e grupos
religiosos, tamanho o trauma envolvido na relação. E, tudo bem! Não é o caminho
escolhido que importa, é o objetivo em comum que nos move: a cura.
É
difícil esquecer quando ainda há sentimento. É difícil partir quando se quer
ficar. É difícil esquecer quando se quer amar e perdoar quando se foi traído,
mas, acredite, é possível. Se você lembrar o quanto era feliz antes desse amor,
o quanto tem valores que deixou adormecido e o quanto tem sofrido sem
necessidade, você é capaz de esquecer. Miguel Unamuno, romancista espanhol,
escreveu que “é preciso esquecer para
viver; a vida é esquecimento; cumpre abrir espaço para o que está por vir”.
Quando
começamos uma relação queremos que ela dê certo (lógico), mas, esquecemos que,
para que isso aconteça, o primeiro passo é não gerar expectativas. Não está nas
mãos do outro a sua cura, está nas suas. Não será o outro que fará você
esquecer seus traumas, será a sua mente e seu poder de autocontrole que farão
isso. Não será o outro que te fará feliz, isso é um estado de espírito individual,
não um presente que você ganha ao assinar um contrato de casamento. Aprenda:
não se mede amor e respeito pelos olhos dos outros.
O
que dói no processo de esquecimento não é saber que a presença do outro não
será mais rotina, são os planos que foram destruídos, as expectativas que foram
frustradas, o medo em não ser mais feliz. São essas as coisas que doem. A
verdade é que nosso coração está preparado para amar, mas não para sentir
saudade.
Dor
traz amadurecimento emocional e consequentemente relacionamentos maduros e
duradouros. Amadurecimento emocional não vem embalado para presente com uma
fita dourada, pelo contrário, é adquirido depois de muito sofrimento e de
muitos foras. Aceitar que esses momentos são naturais e que passar por ele é um
privilégio, é sabedoria.
Então,
desacelere e meça seus sentimentos. Nunca fique em uma relação por desejo
alheio, a vida é sua, portanto, a opção de continuar ou não também é. Enfrente
sua solidão, permita-se sofrer, curtir o luto do término e aprenda a se amar
novamente. Depois, somente, depois, esteja disposto a amar.
“Aprenda
a lidar com a solidão. Aprenda a conhecer a solidão. Acostume-se a ela, pela
primeira vez na sua vida. Bem-vinda à experiência humana. Mas nunca mais use o
corpo ou as emoções de outra pessoa como um modo de satisfazer seus próprios
anseios não realizados”.
Do
livro Comer Rezar e Amar de Elizabeth Gilbert
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