Às vezes a gente tem a sensação de que a vida é um
campo de batalha. E talvez seja mesmo. Temos mesmo que vencer um leão por dia,
se levarmos em consideração a quantidade de desafios que enfrentamos e a
urgência com que temos que tomar decisões e fazê-las dar certo.
Mas para a vida, não é desejável travar uma batalha
fácil e com poucos desafios. Porque são as batalhas que nos constroem e fazem
de nós aptos e dignos de celebrarmos nossas vitórias. E não devemos crer que a
vida é hostil apenas porque os confrontos são inevitáveis ou porque preferíamos
mesmo é viver sob trégua permanente.
Precisamos enfrentar as durezas da vida à altura
delas, partindo pra luta, agarrados à coragem e revestidos de uma armadura
poderosa chamada Fé. O que não podemos, de forma nenhuma, é ser pegos
desprevenidos ou desarmados.
É certo que em alguns momentos nos sentimos pequenos
diante das dificuldades. Ou sem forças para continuar. Algumas vezes, dá
vontade de bater em retirada, ou procurar um refúgio distante, onde os
conflitos possam nos deixar em paz. Mas também é certo que as batalhas mais vorazes
ocorrem dentro da gente e escapar delas quase nunca é possível. É preciso muita
garra para encarar isso e muita sabedoria para entender que, com determinação,
seremos sempre superiores aos nossos medos.
Não há ninguém que tenha saído ileso das batalhas
internas, mas é preferível se ferir a desistir de lutar. Só a partir dessa
aceitação é que poderemos superar nossos conflitos.
A experiência diz que algumas batalhas são
impossíveis de serem vencidas; é quando a dor torna-se inevitável e a única
atitude possível é assimilar a derrota. Para esses momentos é importante saber
que é impossível ganhar todas, mas é preciso levantar-se após cada uma das
quedas sofridas.
Precisamos aprender a ter orgulho das cicatrizes que
conseguimos; honrar cada pedaço que foi perdido. Ao contrário do que possa
parecer, nos tornamos mais fortes e mais resistentes depois desses ferimentos.
É certo que sempre precisaremos de um pouco de
tempo e de alguns remendos. Mas nada disso é motivo para nos sentirmos
envergonhados. Vergonha é fugir da luta; é deixar de sentir ou de fazer, por
medo de se ferir; é se acovardar. Lutar nunca vai ser vergonha, mesmo que a
vitória seja parcial.
A vida é uma guerra constante contra quem nos rouba
de nós mesmos e contra o que nos faz infelizes. Todos nós somos guerreiros,
empenhados em vencer nossos próprios conflitos. E o mais importante nessas
batalhas é nunca permitir que a derrota tenha a palavra final.
Alessandra Piassarollo
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