É muito bonito ver uma torcida bem organizada,
vestindo a camisa de seu time, se alegrando com os melhores momentos e sofrendo
junto nos piores.
Mas se a gente reparar bem, existe um tipo de
torcida que pode ser traçado nesses moldes e que pode ser muito prazerosa, tal
qual nos esportes. É o que podemos chamar de “torcer pelos outros”.
Você já reparou que esse tipo de torcida está cada
vez mais escasso?
Parece-me que estamos assumindo uma rivalidade sem
causa nem objetivo. Estamos competindo mais do que deveríamos, nos comparando
mais do que precisamos fazer também. Em algumas vezes por coisas banais e com
pouca relevância. Há quem queira aparecer com a melhor roupa num determinado evento,
o melhor carro na família, o prato mais elaborado num almoço entre amigos, a
linha do tempo mais chamativa nas redes sociais. E essa disputa, desnecessária
e sem justificativas convincentes, faz com que torçamos menos pelo outro, pra
que o nível da competição seja menor.
Não é uma loucura perceber que temos adotado cada
vez mais esse tipo de comportamento?
E quando se fica sabendo das novidades das outras
pessoas, é cada vez menor o número de pessoas que torce a favor para que o que
é bom dure bastante. Parece que, para a vida dos outros, não fazemos questão de
nutrir esse desejo; podemos fazer isso inconscientemente, inclusive. Salvamos
apenas algumas pessoas mais próximas, o restante dos conhecidos não nos vê com
frequência em suas arquibancadas.
Não torcer pelo bem dos outros é um comportamento
que precisa ser erradicado, porque é feio e mesquinho.
Não custa nada torcer para que os conhecidos façam
uma boa viagem, para que o novo casamento seja duradouro, que o novo emprego
seja promissor. Não custa nada curtir as fotos de um visual novo ou de uma
viagem, e olhar a felicidade alheia com bons olhos.
Talvez seja a inveja, malvada como si só, a nos
impedir; ou talvez seja a baixa autoestima, o motivo que explicará essa nossa
falta de torcida. Ou talvez, não estejamos nos lembrando de que a vida é um
espelho e reflete o nosso comportamento sobre nós mesmos.
Quem irá torcer pelo nosso bem, se não estiver
sentindo emanar de nós, essa contrapartida? – Essa é a conclusão a que muitos
estão precisando chegar.
A famosa empatia pode muito bem aplicada quando o
assunto é torcer pelo bem das outras pessoas. Próximas ou não tão próximas,
todas as pessoas merecem nossos melhores desejos e a nossa torcida. Além de nos
sentirmos mais felizes e menos pressionados, teremos companhia sincera quando a
alegria ou a tristeza entrarem em campo, na nossa vida.
Alessandra Piassarollo
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