Há
uma dor aqui dentro que parece que virou de estimação. Chega quando quer e,
como se tivesse esse direito, conversa comigo antes de dormir. Conversar com a
dor é algo tão íntimo. A dor fala. Conta os dias. Rodopia. Faz horas. Cada
minuto dentro da tristeza demora muito para passar, e, como um abraço de
aeroporto, transborda na maldade do tempo.
Por
mais que não haja dor que o sono não consiga vencer, hoje pouco durmo. Brinco
de viajar nas lembranças e me martirizo sobre as lindas emoções que deixei de
viver. Lembro dos choros que segurei e como as minhas inseguranças sempre foram
estopim de todas as tristezas que já me aconteceram. Hoje, mais maduro com a
estranheza dos sentimentos, não me culpo pelas tristezas que vivi, mas pelas
que deixei de viver.
Mesmo
aparecendo em horas inoportunas, sempre que possível, a deixo sentar no canto
mais íntimo do meu coração e choro tudo que um dia não me deixei chorar.
Sozinho, ela me mostra que no meu coração cabe muito mais amor do que demonstro
caber. Me dá conselhos e diz, em tom de sussurro, como estou perdendo a beleza
da vida em não saber dividir o que sinto com os outros. Como se fosse possível
guardar o coração para protege-lo do amor que há no mundo. Como se o nosso
coração precisasse de proteção...
A
verdade é que o amor está aqui para todos. E a disposição em vive-lo é o que
nos torna refém da alegria que um dia iremos desfrutar. Sim, tenho medo, sou
pavor em forma de amores, sou a tristeza de todo sentimento que ainda não
dividi com alguém. Errar por amar demais nunca será o fim, mas talvez, o pouco
dividir dos sentimentos seja o início de um longo fim sozinho.
Via: EOH
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