Se
você está passando por um momento de dificuldade, leia isso!
Precisamos
vencer o medo de renascer. Nascer não é um momento, mas sim um processo que
acontece várias vezes ao longo da vida. No ser humano, o nascimento tem a ver
com se desprender do outro para sempre. Cortar o laço que nos amarra a alguém.
Entrar em um mundo desconhecido e assumir essa condição de individualidade e,
portanto, de solidão, que nos determina.
Ao
longo da vida muitas vezes nos encontramos em situações semelhantes às que
experimentamos no nascimento. As grandes separações, as grandes despedidas, o
confronto de grandes começos...
São
situações maravilhosas e aterrorizantes ao mesmo tempo. Um verdadeiro desafio
que coloca à prova tudo o que somos. A vida é o que nos coloca diante desse tipo
de experiência na maioria das vezes. Mas o nascimento também pode ser um
processo voluntário. Uma decisão que tomamos quando a evidência nos mostra que
um grande ciclo morreu e que é hora de inaugurar um novo. É hora de superar o
medo de renascer e recomeçar.
“Quem
não está ocupado em nascer, está ocupado em morrer”.
Bob
Dylan
O trauma de nascer
Muito
tem se falado sobre o trauma do nascimento. Ao mesmo tempo, pouco se sabe sobre
ele. Presume-se que o feto passe por momentos de grande angústia no momento do
nascimento. A necessidade de atravessar, de sair para o mundo em meio a
dificuldades, é um momento dramático. Nós tocamos nossas vidas, literalmente,
naquele momento.
O
grito e o choro anunciam que estamos fora. Agora, somos um ser individual, jogado
eternamente na solidão depois de ter desfrutado o mel da simbiose com nossa
mãe. O mundo para o qual chegamos tem muita hostilidade, aqui fora já não faz o
mesmo calor.
Nessa
nova etapa há frio, há fome. São novas sensações. No ventre nunca as tínhamos
experimentado. Antes não precisávamos pedir nada, agora sim. Pode ser que
atendam ao nosso chamado, pode ser que não. É possível que compreendam nossas
necessidades, mas o contrário também pode acontecer. Da segurança completa,
saímos para a incerteza.
Nascer de novo e de novo
Nunca
voltaremos a ser tão indefesos quanto na primeira vez em que nascemos. Mas
teremos que voltar a nascer em repetidas oportunidades. E também irá se repetir
o trauma que acompanha esses processos. É um ciclo de vida inevitável.
Várias
vezes vamos sentir que estamos habitados por duas forças concorrentes. Uma
delas sugere que existe um amplo mundo além das fronteiras conhecidas. É uma
força que nos convida a explorar, a nos arriscar. A outra força, por outro
lado, nos atrai para tudo o que já conhecemos. Enfatiza as vantagens de nos
mantermos atados. Como podemos vencer este medo de renascer?
Muitas
vezes não teremos escolha. Nós seremos lançados para uma nova etapa, para um
novo mundo, sem que ninguém nos consulte. A morte de alguém amado, por exemplo,
não é algo que podemos aceitar ou rejeitar. Simplesmente acontece e nos leva,
mais uma vez, a uma dimensão hostil, onde teremos que nos reinventar. O mesmo
acontece com qualquer grande perda ou com qualquer mudança radical no contexto
habitual.
O grande passo para vencer o medo de
renascer
Às
vezes somos nós mesmos os responsáveis por nos desenvolvermos e
decidirmos o momento e o lugar para renascer. Isso acontece quando finalmente
aceitamos que devemos completar o processo de individualização, com todas as suas maravilhas e
todas as suas limitações.
Acontece
quando saímos da casa dos pais, por exemplo. Ou quando decidimos terminar um
relacionamento que prometeu ser a resposta para toda a nossa solidão. Também
quando reconhecemos que o contexto pesa demais e que é necessário recomeçar em
um ambiente desconhecido, talvez a milhares de quilômetros de onde está nossa
casa. O mesmo acontece ao deixar um vício para trás ou ao desistir de algum
sonho que finalmente reconhecemos como equívoco.
É
impossível nascer de novo sem algum trauma. Esses processos não são realizados
em completa serenidade e com moderação. Pelo contrário, são decisões que
custam. E custam lágrimas, estranheza, dúvidas e gasto de energia. No entanto,
assim como quando nascemos pela primeira vez, mais adiante da passagem pelo estreito
túnel, todo um novo mundo nos espera por explorar.
Dentro
de cada um de nós vive esse navegante aventureiro que é capaz de navegar mil
vezes para descobrir novos mundos. Também há a criança assustada que chama a
mãe toda vez que abre a porta para sair da casa. É preciso tempo e esforço para
decidirmos nascer. Mas adiante, lá fora, nos espera tudo o que somos capazes de
ser.
Via: Aleteia
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