Gentileza gera gentileza... E bons relacionamentos.



Quem nunca ouviu, leu, ou escreveu a assertiva “Gentileza gera gentileza”?  Esse dito, com ares de profecia, ressalta a necessidade de manter vivo um comportamento que tem ficado cada vez mais diminuto, mas que sem ele torna-se muito difícil convivermos bem uns com os outros.
Um detalhe é que esta frase é mais comumente interpretada como sendo sobre comportamentos adotados na rua. E vez ou outra alguém pinta um muro com ela. Mas é preciso levá-la para casa. Praticar gentilezas em domicílio também faz parte desse apelo e é tão ou mais importante quanto fazê-lo na rua.
É mesmo uma verdade que ser gentil no trânsito, no comércio, no trabalho ou mesmo nas redes sociais é um desafio constante e por vezes exige o máximo do autocontrole de alguém. Não é tão fácil ser gentil, sobretudo quando não se recebe o mesmo tratamento.
Também não é fácil manter-se gentil no dia-a-dia de nossas casas. Por mais que gostemos das pessoas mais próximas, nem todo dia é um bom dia. Quando o cansaço se abate sobre nós; quando, ao retornar para casa, ao invés do descanso encontramos outros afazeres e problemas a resolver; quando o silêncio do quarto é quebrado pelo barulho nas casas vizinhas; quando o despertador nos acorda de um sono tranquilo e nos chama para um dia cheio de tarefas; quando as outras pessoas acham-se no direito de bisbilhotar nossos assuntos particulares...


É exatamente nesses momentos críticos que tendemos a descontar em quem nos apareça primeiro. Algumas das vítimas acabam sendo as pessoas a quem mais amamos, numa controvérsia que gera muitos conflitos em nossas relações.
Torna-se um desafio reparar na refeição preparada sobre a mesa, e agradecer o esforço de quem se dedicou tanto; perceber que o outro não teve uma boa noite de sono ou um bom dia de trabalho e se dispor a algum gesto que possa melhorar esse quadro; molhar as plantinhas de alguém, refazer a cama; fazer um elogio; dizer palavras doces quando se está cuspindo marimbondo.
Quanta dificuldade temos encontrado em manter-nos atentos a esses detalhes e fazer disso uma oportunidade de melhorar o dia de alguém!
Talvez o melhor seja encararmos as pequenas gentilezas como remédio para amenizar as amarguras deste mundo hostil; ao praticá-las estaremos fazendo dele um lugar mais acolhedor, e humano.
Alguém que tenha por hábito tratar bem os de casa, mais facilmente tratará bem os outros que cruzarem pelo seu dia, e quem foi bem tratado terá mais chances de fazer o mesmo, fazendo girar o maravilhoso círculo da convivência pacífica.
Gandhi ensinou que “a gentileza não diminui com o uso. Ela retorna multiplicada”. Portanto, não precisamos economizar! Podemos continuar cumprimentando os outros, abrindo portas, cedendo cadeiras, e fazendo todo tipo de bondade que uma pessoa gentil é capaz de fazer. 
A gentileza possui uma espécie de encantamento, que faz os relacionamentos tornarem-se agradáveis e muito, muito mais duradouros.

Alessandra Piassarollo