Ano
Novo, não se preocupe. Dessa vez, prometo que não vou exigir muito de você. Não
vou forçar a barra e pedir que traga doze meses de muitas alegrias e
conquistas. Eu sei que isso não é tarefa sua. Nunca foi, né? É minha a
responsabilidade de transformar uma simples mudança no calendário em um novo
tempo para evoluir e abraçar a felicidade que tanto quero.
É
injusto virar para você e jogar todo o peso de quem só existe para que possamos
medir o tempo. Logo, não vou cruzar os dedos e nem correr em busca de variadas
simpatias para ganhar felicidades a mais. Que eu persiga, a cada novo dia, o
meu próprio jeito para ter orgulho, satisfação e amor pela jornada que eu
decida trilhar. Porque ninguém pode criar sorrisos, amores e gratidões sem
entregar os mesmos ingredientes. Tenho um dever comigo para o próximo ano, não
sabotar o meu coração. Não deixá-lo fechado para balanço ou suspenso para viver
novas oportunidades. Ele precisa botar a cara na rua e se tiver que apanhar,
que apanhe. Pelo menos ele ganha corpo e malandragem para continuar intenso.
Ano
Novo, confia em mim. O seu trabalho não é passar a mão na minha cabeça e nem me
presentear com uma sensação de que tudo vai melhorar. Nada vai melhorar se eu
não mantiver a alma erguida. Contra quem não é reciprocidade, contra quem não
soma e contra quem não sente desejo de cumplicidade. Às vezes penso que demorei
para aprender que você é só uma passagem, assim como tantas outras. O seu poder
não é reiniciar a minha vontade de ser feliz, nada disso. A sua habilidade mais
especial é me fazer lembrar que dores existem, independente do número que te
acompanhe.
Percebi
que não tenho todo o tempo do mundo. Percebi que é importante viver os dias da
melhor maneira possível. Percebi que gentileza não é moeda de troca, mas que
preciso acordá-la todos os dias em que levantar da cama. Percebi que os meus
sonhos podem ser compartilhados, mas que eles não serão concretizados se eu não
praticar um esforço contínuo.
Ano
Novo, até os amores entram na roda e você já sabia há muito tempo disso. Parece
fácil falar e difícil fazer, mas nem é. Você já dizia, ano após ano – o amor é
para quem tem coragem de seguir de mãos dadas, mesmo podendo viver em corações
separados. É sorte, mas também é sintonia. É amor, mas também é paciência. É
ternura, mas também é sacanagem. É respeito, mas também é mais respeito.
Ano
Novo, obrigado. Essa carta é para você, um novo ano que vai chegando com todos
os indícios para ser o melhor ano do resto da minha vida. Porque agora eu sei
contar comigo, e essa é uma lição que só dá para aprender em caso de amor
próprio, com expectativas e promessas juntas e proporcionais com a minha leveza
de existir.
Via: Conti Outra
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