Sapato
apertado tira a gente do sério. Roupa apertada incomoda. Unha do pé sem fazer
nos envergonha. Bolsa bagunçada, a gente esconde. Detalhes que embaraçam os
nossos dias. Mas, e aquele sentimento te remoendo, também não estraga os dias?
Coisas do coração também precisam ser jogadas fora, quando existe mais desajuste
do que um sentimento bom.
Há
um monte de trecos que precisamos ter coragem de juntar e colocar do lado de
fora ou talvez no lixo. Quando começamos a juntar problemas, decepções e
arrependimentos, fica decretado que é o momento de chutar tudo para fora,
porque chutar para escanteio não resolve.
Quando
juntamos gostinho de desilusão e crença em alguém que já se perdeu de nós, é o
momento de libertar para escrever outro romance ou ficar sozinha. Quando
insistimos em alguém que não nos quer tanto assim, é o momento para libertar
desse amor dependente e de sofrimentos. Faxinar o coração se faz necessário,
quando há mais entraves do que alegrias.
Jogamos
tantas coisas fora, colocamos pessoas no lixo do esquecimento, deixamos aquele
parente adormecido, deixamos no passado histórias que nos fizeram bem, porém
não temos coragem de arrancar os caquinhos do amor por ele do nosso coração e
colocar no lixo da saudade.
Nem
que seja uma ou várias vezes na vida, a gente se apega em alguém que nem sempre
nos convém, mas não é culpa nossa, porque nenhum sentimento traz receita pronta
ou vem com efeitos colaterais, apenas investimos. Se a gente soubesse todas as
qualidades e defeitos antes de qualquer beijo, isto não chamaria relacionamento,
e sim contrato.
Um
alguém especial aparece, aconchega e ganha a gente pelo olhar. Confundimos
muitas vezes os sentimentos e só os reconhecemos depois que passa. Quantas
vezes ouvimos as amigas dizendo: ele é o máximo. Depois quando esfria ou
termina, ele deixa de ser tudo para não ser mais ninguém.
Tem
hora que é preciso juntar tudo: pedacinhos de coração quebrado, de traição, de
distância, de insegurança, de tristeza e mandar para o universo para que se
transformem em partículas de passado. Não é fácil pegar tudo, pesar e dar um
basta, mas a gente precisa fazer isso para não mendigarmos alguém que não vale
à pena. Quando imploramos por um alguém, uma segunda chance, deixamos de nos
amar primeiro, para se entregar a alguém que não vale sequer um sorriso, um
suspiro.
Quando
despimos os incômodos que há dentro da gente, entendemos que desfazer os
sentimentos não é para aliviar, é para nos libertar das garras de um amor que
não é amor, é apenas mais um gostar.
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