Seria
pedir demais que cada pessoa vivesse a sua realidade e suas escolhas e respeitasse
as escolhas das demais? Sinceramente, quando a gente pensa que a humanidade
está evoluindo, percebemos um grande retrocesso, nunca a temática diversidade
foi tão defendida e debatida, entretanto, na prática, a realidade é outra. Em
pleno século XXI, ainda existem pessoas que atribuem o caráter de uma pessoa ao
estado civil dela, dessa forma, uma pessoa divorciada é vista como alguém
irresponsável, egoísta e sem valores morais. Ninguém quer saber, ao certo, o
motivo que está por trás da ruptura de um matrimônio, mas muitos estarão ávidos
por julgar e discriminar os envolvidos nela.
E
o que dizer das pessoas que são discriminadas por serem solteiras? Será que a
hipocrisia chegou ao nível master de querer nos empurrar goela abaixo que todos
os casados são felizes? E o casal que optou por não tem filhos? Ah, esse é
visto como anormal e, na melhor das hipóteses, muito egoísta. Daí vem uma
pergunta: será que todos os casais que colocaram filhos no mundo estão fazendo
o seu melhor por eles? Será que tiveram filhos por um desejo real ou por receio
de serem pressionados pela sociedade? É justo colocar uma vida no mundo sem a
devida motivação de dedicar-se a ela? Hipocrisia à parte, penso que seria
melhor evitar a maternidade/paternidade a colocar uma criança no mundo para
sofrer, dentre outros abandonos, o abandono afetivo. Vivemos numa sociedade
onde, no geral, as pessoas estão muito focadas na vida alheia, muitos,
presunçosamente, querendo impor o seu modo de viver como a referência do que
seja o ideal.
Eu
não sei de onde surgiu a crença de que uma pessoa solteira é infeliz, bem como
não sei a origem da premissa de que, uma vez casada, a pessoa tomará posse da
felicidade incondicional. Existem tantos casamentos de fachada, no qual os
envolvidos enxergam um ao outro, como alguém para descarregar o que tem de pior
dentro de si. Mas, são essas pessoas, as primeiras a se incomodarem com alguém
que tem a coragem de sair de um casamento infeliz e falido. Seria uma
frustração notar que alguém ainda é capaz de tomar uma atitude em prol da
própria felicidade enquanto elas ficam lá acovardadas vivendo um casamento
miserável? Por que será que é tão difícil para algumas pessoas respeitarem as
opções dos outros? Seria tão bacana um mundo onde os solteiros vivessem em paz,
sem aquelas perguntas e insinuações tão inconvenientes do tipo: “o tempo está passando”, “daqui a pouco não vai poder ter filho”...
e daí?
Especialmente
sobre a cobrança às solteiras: quem disse que o sonho de consumo de toda mulher
é casar e ter filhos? Outra coisa: pode ser que exista, sim, a solteira que
queira se casar e ser mãe, mas ainda não deu certo de encontrar a pessoa e a
coisa acontecer, nesse caso, é bom ter o bom senso de respeitar também,
certamente essa pessoa já está lidando com as próprias cobranças e angústias,
então seria bom ela ser poupada das cobranças externas, não é mesmo? Uma coisa
é fato: uma pessoa que esteja, de fato, feliz com a vida que leva não teria
razões para se incomodar com a vida do outro.
Basta
pensar: que prejuízo terei pelo fato de alguém ser solteiro, divorciado, casado
ou amigado? Então, não há razões para ninguém se incomodar, não é mesmo?
Relatei as interferências e preconceitos referentes ao estado civil, mas isso é
perfeitamente aplicável às demais escolhas das pessoas: religião, opção sexual,
modo de criar os filhos, etc. Que cada um de nós possa contribuir para uma
sociedade onde prevaleça o respeito às diferenças, acho que isso não é querer
demais e é plenamente possível.
Via: Portal Raízes
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