Hoje
pela manhã, me deparei com um post no Instagram que dizia: “Alguns assuntos já foram assuntos demais para serem assuntos
novamente”. E me senti acolhida pelas palavras, pois tenho um coração
nostálgico, que de vez em quando me trai e traz de volta assuntos que já se
encerraram dentro de mim. Porém, de uma vez por todas, hoje quero me despedir e
esquecer.
O
tempo dos acertos, das saudades, de reconciliações com minha história, de me
lembrar do passado com doçura e algum apego passou, e deu lugar a um desejo
enorme de que a vida seja contada com cheiros do presente e sabor de surpresas,
desfrutando com sabedoria o tempo que se descortina à minha frente.
Tem
horas que a gente tem que matar o passado dentro da gente. Sacrificar de uma
vez aquela lembrança ‘preciosa’ que não nos permite crescer. Fechar a porta
daquele lugar distante no tempo que não nos ajuda a prosseguir. Dar um basta às
velhas desculpas que justificavam nossa saudade, nossa nostalgia, nosso ‘resgate’
e finalmente entender que desapego é uma das lições mais difíceis, porém mais
necessárias, que iremos ter na vida.
Temos
que ser fortes e corajosos para romper com aquilo que julgávamos ‘nossa vida’ e
não é mais. Valentes para desvincularmos nosso caminho da armadilha do
saudosismo, da repetição de velhos hábitos, da crença de que ainda há o que se
buscar no tempo que já se esgotou.
Porém,
nunca estaremos imunes a sermos traídos pela emoção. Como eu gosto de afirmar,
somos a soma do que amamos e do que vivemos, e de vez em quando aquilo que
amamos terá disposição para vir à tona. Não se culpe quando isso acontecer.
Porém, após a visita da saudade, coloque-a de volta no seu lugar. O passado tem
a função de nos lembrar como chegamos até aqui, mas não pode, de maneira
alguma, nos definir.
O
passado tem mania de seduzir. Olhando pelas lentes da nostalgia, tudo fica mais
bonito do que realmente foi. Glamorizamos nossas experiências e enfeitamos nossas
trivialidades de um jeito que não nos permitimos fazer com o presente. Editamos
nossas lembranças e ventilamos nossas dificuldades a ponto de acreditarmos que
sempre fomos mais felizes naquele lugar que não existe mais.
Por
mais difícil que seja, existirão momentos em que teremos que nos despedir de
algumas histórias que foram importantes para nós. Nem tudo nos cabe, e viver
carregando no peito nossas vidas não vividas não nos permite crescer.
Está
na hora de encerrar essa história dentro de você. De esquecer pessoas que já te
esqueceram faz tempo. De manter ‘contato zero’ com aquilo que traz de volta o
que não existe mais. De deixar morrer a expectativa vã, a esperança inútil, a
teimosia dolorosa. De finalmente perceber que matar alguns fatos do passado não
nos torna pessoas cruéis; ao contrário, nos reconecta com aquilo que realmente
importa.