Correr
atrás de você era como procurar chuva em um período de seca. Era como a
esperança de um raio de sol no meio de nuvens escuras. Eu sempre me preparava
para o constante desapontamento e dor.
Eu
decidi parar de esperar por você. Eu decidi parar de esperar que você volte
para mim um dia. Eu decidi apenas deixar tudo, incluindo você...
Qual
é a graça de tentar segurar algo que nunca foi seu, algo que você nunca tem
nenhuma garantia de realmente tê-lo, algo que o mantém cativo durante anos e
anos sem garantia de amor ou felicidade? Talvez seja melhor me libertar e te
libertar disso. Talvez seja melhor deixar você viver sua própria vida sem
qualquer interferência, sem perguntas e sem expectativas.
Preciso
começar a viver uma vida mais feliz, uma vida mais pacífica, uma vida que me
deixe contente. Escolher essa nova vida pode acabar com a possibilidade de
ficar com o meu estômago em gelo cada vez que eu vejo você chegar perto, a
possibilidade de sentir meu coração bater mais rápido cada vez que você olha
profundamente em meus olhos e a possibilidade de meus joelhos ficarem fracos
toda vez que eu sentir a sua pele tocando a minha. Mas também vai acabar com a
possibilidade de me sentir magoada e quebrada sempre que você se esquecer de me
procurar, toda vez que você simplesmente desfazer nossos planos de sair juntos
porque apareceu uma opção melhor. Uma opção, apenas uma opção é o que eu era
para você e isso é muito pouco para mim.
Tentava
te puxar desesperada e triste cada vez que sentia você se afastando de mim,
como se fosse meu próprio fôlego que estivesse se indo. E quando você já estava
longe, gozando outros gozos, vivendo outra vida, eu saía a correr atrás, como
se fosse minha obrigação te resgatar das coisas que realmente te fazia bem.
Porque eu mesma já não era um bem para você e agora percebo que nem para mim eu
fui. Pelo menos não tenho sido nesses últimos tempos, quando, esquecida de mim,
quis viver só em função de te reter comigo a todo custo.
Nosso
amor foi como um sonho bom, desses que se sonha a dois, como uma vida em dois
corpos que dormiam juntinhos. Mas um de nós acordou primeiro e foi você. Eu
continuei adormecida e com medo de acabar com o sonho que já nem existia mais,
tentava te trazer pra ele. Mas agora eu acordei e, junto com o gosto amargo da
realidade, ainda trago os gostos bons desse sonho.
Agora
te deixo ir sem a presença da minha sombra te seguindo, sem que você receie ter
que responder aos meus chamados. O tempo vai passar e um dia você só terá de
mim as boas lembranças, que serão o nosso bem comum, o que nos restará a
dividir.
E
lembraremos, cada um já no seu destino, das muitas aventuras que rechearam
nossas vidas, quando nossa vida ainda era um sonho bom de se viver. Eu fico com
a lembrança do teu cheiro e sei que guardarás os sons das minhas risadas. E
quando eu chorava por motivos tolos e você, sorrindo, me oferecia colo e me
chamava de boba. Guardarei isso comigo, porque não quero a lembrança dos últimos
tempos quando você, a me ver chorar, me chamava de louca.
Botamos
aqui um fim na nossa história, que teve capítulos bons e ruins, como é com a
maioria dos romances. Quero sair de cena como entrei, altiva e confiante,
acreditando que estava escrevendo a parte em que mudava a minha vida. Quero
isso, porque agora o lápis do destino vai começar um novo capítulo em minha
vida e dessa vez será a parte onde eu serei muito mais feliz. Serei senhora de
mim, conduzirei, eu, a minha própria felicidade.
O
amor, que um dia me uniu a você, ainda levarei comigo em meu coração, em minha
alma e em meu respirar. Por ele é que eu vivi e por ele eu quase me perdi de
mim, porque não o entendia, não aceitava que já não tinha mais encaixe pra ele
no seu coração. Agora que eu entendi isso, vou deixar que ele se esvaia de mim
pelas brechas que você deixou no meu coração quando forçou a saída.
Estou
cortando a minha parte nesse laço. Ainda que tenha demorado a tomar essa
atitude, eu acredito que sempre é tempo de se permitir mudanças. Se te deixar
ir é a melhor forma que tenho para me fazer alcançar o melhor de mim, de me
fazer crescer dentro da minha própria história, faço isso sem a intenção de
olhar para trás.
Não
vou ser hipócrita de dizer que te desejo felicidade, porque eu não sei o que te
desejo enquanto ainda me dói esse romper de laços, mas tampouco te desejo que
se dê mal, então, tente ser feliz se puder.
Adeus!
Via: Revista Pazes