A
maioria de nós já se apaixonou. Foi correspondido. Achou que era correspondido.
Foi rejeitado. Achou que poderia dar certo e não deu. Amou e foi amado. Achou
que seria pra sempre e não foi. A maioria de nós já foi vítima dos próprios
enganos, da própria necessidade de se sentir amado mesmo quando não havia
sinais de amor, da própria vontade de dar certo mesmo quando não havia certeza
de nada.
A
maioria dos relacionamentos é precedida por um período de dúvidas e suposições.
Enquanto sentimos o coração acelerar e as pernas bambearem, nos perguntamos se
será ou não pra valer. Ainda não há sinais nem certezas que garantam a
permanência, o vínculo, a solidez. Mas ainda assim, pouco a pouco afrouxamos
nossas defesas e, conscientes ou não, nos tornamos vulneráveis ao que o outro
sente por nós. Se somos correspondidos, bingo! Se não, a história se complica.
Estar
vulnerável aos sentimentos de outra pessoa é uma das piores sensações que
existem. Pois nessa situação ficamos dependentes de um sinal, de um emoji banal no Whatsapp, de uma frase
clichê no Facebook, de um comentário suspeito numa página em comum... para nos
sentirmos bem. Nada mais tem sentido se aquela pessoa está quieta, sem
comunicar nada, sem dar a mínima. Nos agarramos a pequenos indícios de
interesse e tentamos encaixar as peças de um quebra cabeça que não se completa.
Agora
preste atenção. Existe um sinal que nunca deveria ser desprezado. Um sinal que
deveria ser levado em consideração a qualquer hora, em qualquer circunstância: “se uma pessoa trata você como se não desse
a mínima, ela genuinamente não dá a mínima”. E você precisa aprender a
enxergar isso com clareza. A aceitar isso com convicção e firmeza. A colocar
limites para seu espírito sonhador e coração de manteiga. Porque se você não
entende isso, se conta mentiras para si mesmo várias vezes ao dia e tem
necessidade de fazer castelinhos com as migalhas que recebe, está faltando
respeito por si mesmo. Está faltando maturidade para aceitar que as coisas são
como são, o resto é só divagação pra iludir o coração.
Se
uma pessoa some, responde mensagens longas com um simples sinal de ‘joinha’, não
te procura, ignora sua presença e age como se nunca tivessem tido algo em
comum, essa pessoa não tem o mínimo interesse em você. E mesmo que de vez em
quando ela oscile o comportamento e dê sinais vagos e esperanças miúdas de
mudança, nunca, jamais, de forma alguma caia nessa.
Ok,
você diz. Mas como a gente faz para esquecer?
Esquecer
alguém que se ama não acontece da noite para o dia, num estalar de dedos.
Esquecer começa com a vontade de colocar um ponto final e o empenho em não
olhar pra trás. Mas também requer respeito pelos próprios sentimentos, que vez
ou outra podem resgatar uma saudade. Porque no fundo a gente nunca esquece
completamente. O que acontece é que a lembrança vai ficando menor, distante,
apagada... mas de qualquer jeito, sempre presente em nossa vida. E vamos ter
que conviver com isso, entendendo que alguns amores funcionam melhor quando são
só saudade.
A
maioria de nós já foi vítima dos próprios enganos, da necessidade de se sentir
amado a todo custo, de insistir num buraco sem fundo, de tentar salvar um barco
que se afunda. Mas chega uma hora em que é preciso dar um basta. Entender que,
se um sapato não está te servindo, ele genuinamente não é para você. E com isso
sentir-se pronto para recusar o que te fere e abraçar o que te faz bem.