Mande
notícias
Do
mundo de lá
Diz
quem fica
Me
dê um abraço
Venha
me apertar
Tô
chegando...
(Encontros
e despedidas) Milton Nascimento
Partidas,
despedidas, idas e vindas. Palavrinhas essas que traduzem diferentes momentos
de nossa vida. Tudo muda. As mudanças são inevitáveis em nossa vida e elas
tanto nos levam pra longe quanto nos trazem de volta. Saber ir é tão importante
quanto saber voltar. Em muitos casos ir é inevitável. Em outros tantos ir é
necessidade. A ida é o pedaço que falta naquela transformação desejada. A ida é
apenas um encontro a nos levar por outras estradas. Por vezes é tudo que
podemos fazer.
Há
quem vá e não volte. Há quem vá já pensando em voltar. Partidas. Despedidas que
tanto nos tocam a alma, despedidas que podem ser eternas e despedidas que
deixam tanta saudade que logo são transformadas em visitas. O mundo é tão
grande que possivelmente alguns de nós pertençamos a diversos cantos diferentes
dele. Alguns ficam felizes a vida toda em um mesmo canto, outros ficam felizes
em dividir a alma e deixá-la em cada lugar que se passa. Não tem regra, uns
gostam de ir e outros gostam de ficar.
Ir
é decisão das mais difíceis. Ir é das decisões mais gratificantes. Ir é apenas
seguir a estrada que devemos. Partidas para o lado de lá. Partidas planejadas.
Partidas no impulso desejoso de novos ares. Partidas em busca de lugares que
nos mostre quem somos claramente. Às vezes é na solidão do novo que nos olhamos
com mais verdade. Longe de burburinhos. Outras vezes o que precisamos é de
novos burburinhos, que nos conheçam menos para ser silêncio mesmo na multidão.
Ir
pode até parecer fuga. Ir pode até ser fuga. Mas a vida ensina que quanto mais
a gente foge de si, mais oportunidade ganharemos de nos conhecer. Ir é vontade
de sentir aquele cheiro de adrenalina no meio do caminho cego, esse mesmo que
você já ama mesmo sem enxergar suas nuances. Ir é vontade de desbravar a alma
em situações que no lugar comum você jamais se atreveria. Ir é colocar nas
costas toda a esperança para construir uma nova e melhor vida, pela simples
vontade de mudar. Ir é ter urgência de experiências que não podem nem ser
imaginadas! Ir é dar-se uma chance diferente. Ir é ter sede de beber das águas
desses rios desconhecidos que nascem em nossas estradas. Ir é um processo
viciante. Quanto mais se vai, mais se quer ir. Que sorte a nossa do mundo ser
grande e cheio de oportunidades e possibilidades de ida.
As
partidas colocam tantos sorrisos no rosto quanto lágrimas, afinal o amor gosta
de uma presença física. E assim a cada volta, a emoção é a mesma e há agora um
amor que deixamos lá ao voltar, certamente. Ir é amar sem limites, sabendo que
dentro de si há espaço para amar mais e mais. Ir é saber que não há mal algum
em deixar um pedaço de si pelas estradas da vida. Ir é expandir horizontes e
almas. Ir não é deixar nada para trás, ir é somar mais por onde passa. Ir não é
abandonar quem ficou, ir é aprender a amar na distância do corpo físico e se
dar conta que o amor é mais forte do que quilômetros de distância. Ir é
crescimento. Ir pode dar certo ou não, é só uma tentativa que qualquer um merece
se dar.
Ir
é olhar nos olhos da vida e ver o quão pequenino somos. E como é bom ser um
pequeno aprendiz nesse mar de culturas, vidas e histórias. Ir é começar de
novo, é se dar a oportunidade de começar do zero. Ir é esse mistério que tanto
nos divide. “Vou ou fico?” Nessa
casa, nesse amor, nessa amizade, nesse trabalho, nessa cidade...assim nos
perguntamos. Ir é presente de vida. E quem vai sempre pode voltar, caso queira,
caso precise. A vida é um vem e vai sem limites, a inconstância da vida nos
permite ser santos e pecadores. Nenhuma partida precisa ser definitiva. Nem
todo encontro precisa ser despedida. Ir é só se permitir viver cada
oportunidade.
Vá
se quiser. Fique se quiser. Volte se quiser, quando der. Só não deixe de ir
pela sua própria estrada.
Via: Obvious