Tenho
certo receio quando vejo definições de amor onde dizem que o amor verdadeiro
não te faz chorar... fico pensando que quando era criança e fui aprender a
andar de bicicleta levei muitos tombos até conseguir pedalar e mesmo depois que
tinha aprendido ainda levava uns tombos doloridos; ok! Confesso ser uma
comparação tosca, mas quem disse que nascemos maduros, sábios, sabendo o que é
e o que deixa de ser amor? Talvez vamos passar a vida tentando descobrir e no
final vamos perceber o quanto somos limitados em frente ao que é o amor e que
todas nossas teorias e certezas era só a voz do nosso medo de ser no outro.
Quer
saber, pra mim amor mesmo é aquele que te amadurece, que transcende as
definições que temos sobre ele, é aquele que resiste ao tempo, ao espaço e a
morte! É aquele que transborda, que traz estruturas, amadurecimento, só que
ninguém amadurece só a base de flores, risos e apelidos fofos; o choro, a
rotina, as brigas, tudo faz parte do amadurecimento, da revelação do amor, não
tô falando de agressão, de desrespeito, tô falando do amor e do poder dele de
lidar com mazelas da vida, de saber que às vezes vai ser preciso chorar, se
desequilibrar e que nem sempre a realidade é linda como nos filmes! O amor que
traz a verdade e que não tem medo de acreditar que dias bons sempre vem, mas
que os ruins também aparecem e tudo bem, nós damos conta!
Acreditar
que nem sempre vamos somar ou dividir, e que às vezes vai ser preciso subtrair!
Acreditar no amor real, aquele que você sorri e chora, aquele que você se sente
perdida e salva, e é assim que ele vai te transformar, te fazer transbordar,
fazer você se reconhecer e conhecer o outro... o amor que não cabe mais só em
um, ele insiste em ser em dois, o amor que se revela, que nos revela, que
ultrapassa as dimensões do sentir e é isso que o torna eterno!
O
amor é movimento!
O
amor briga e abriga... o amor nos acolhe e encolhe nosso egoísmo. O amor pulsa
e impulsa. O amor que se encontra num jantar romântico, mas que faz morada na
lista do supermercado, no boleto pra pagar, na pia cheia de louça, nos quilos a
mais e nos dias cinzentos...
E
isso tudo não passa de só mais uma das definições limitadas que ousamos ter
sobre o amor!
Via: Proseando Poesia