Acho
que não precisamos mais de filmes de terror. O telejornal basta.
É
só ligar a televisão para ser confrontado com guerras, catástrofes, atentados
terroristas, marchas neonazistas, políticos corruptos e populistas e tudo
quanto é coisa ruim.
Você
liga a TV para se informar e escuta e vê 15 minutos ou meia-hora de carga
pesada. É uma boa dose de medo direto na veia.
Depois
do telejornal, eles ainda mostram algum programa especial sobre um tema macabro
atual (um atentado terrorista, por exemplo). Lógico, já que se quer espremer
até a última gota do que não presta.
Às
vezes, ainda ficam transmitindo ao vivo, diretamente do local, não raramente só
para dizer que ainda nada se sabe – o lado tragicômico das mídias!
Você
fica ali, paralisado, chocado, mas o choque dura pouco, pois, antes de digerir
o que viu, você é distraído e enrolado com um pouco de trivialidade numa reportagem
sobre o aniversário da Rainha da Inglaterra, em futebol e na previsão do tempo.
Você
então respira fundo, agradece ao Universo por ainda estar vivo e em segurança e
muda de canal para ver a novela.
Quem
disse que acabou?
Na
novela, a coisa prossegue: mentiras, fofocas, intrigas e traições...
Quando
você pensa que vai poder descansar um pouco a mente, recebendo uma dose de
propagandas coloridas, aí eles mostram um filme publicitário de uma campanha
contra a fome, com aquelas crianças africanas subnutridas, magras e barrigudas
e com um olhar que parte qualquer coração, já que sabemos, bem lá no fundo de
nós, que aquela imagem não é uma montagem, que ela é verdadeira e que isso,
crianças passando fome, realmente existe.
No
jornal do dia seguinte, a mesma coisa: violência, assassinatos, acidentes e fim
do mundo.
Notícia ruim se vende melhor
Notícia
ruim se vende melhor, sem dúvida. E, quem vende, vende para um público, que
consome tudo isso. Parece que muita gente gosta. Confesso que não sei direito
se essa tendência de querer mostrar o sombrio existe porque muita gente gosta
ou se muita gente gosta porque ela existe. Talvez os dois. Não sei. Fato é que
somos bombardeados com notícias ruins. Há uma forte tendência nas mídias de
focar no negativo, na morte, em conflitos e destruições fenomenais, quanto mais
apocalítico o cenário, melhor. As mídias se ocupam pouco com a vida, com o que
constrói e une.
É
assim na internet, é assim na TV, é assim nos filmes de Hollywood e Netflix:
tem muito sangue, tem muitos tiros, muita gente morrendo, coisas explodindo,
tiroteios e perseguições, guerras terrestres e intergalácticas, escândalos,
falcatruas e muita destruição.
Na vida, o negativo muitas vezes é real,
mas o positivo também
É
claro que por trás de muitas notícias ruins estão acontecimentos ruins reais,
essas coisas realmente andam acontecendo e precisamos falar sobre elas. Mas
precisamos falar também do que anda acontecendo de bom.
Sim,
o mundo anda conturbado, há muita coisa negativa, porém, e as positivas? Elas
também acontecem! As coisas boas também merecem nossa atenção, até bem mais que
as ruins.
Se
a coisa anda feia, não seria melhor focar na vida ao invés da morte, na
esperança ao invés do medo e no que constrói ao invés do que destrói?
Sejamos simplesmente realistas
Ser
realista é ver as coisas como são. E eu vejo que há coisas feias, mas também
muita coisa bonita. Vejo que há sofrimento, mas também muitos motivos de
alegria. Vejo que há exemplos que desanimam e nos puxam para baixo, mas também
muitos outros exemplos que incentivam e nos impulsionam para a frente. Só
precisamos falar disso também. É certo falar da escuridão, mas precisamos falar
também da luz.
Tem
muita gente egocêntrica e mesquinha neste mundo, com certeza, mas tem muita
gente boa também: voluntários que ajudam a apagar incêndio na mata em Portugal
ou a cuidar de refugiados na Alemanha, pessoas que pegam animais doentes na rua
e os levam para casa para cuidar, gastando tempo e dinheiro com eles, gente que
visita crianças solitárias em orfanatos ou idosos igualmente solitários em
asilos, gente que planta ao invés de desmatar, gente do bem que faz o bem.
Não alimente o negativo
Quando
fechamos os olhos para o belo e só vemos o horroroso, quando ressaltamos a
perversidade e ignoramos a bondade, enfim, quando focamos no negativo e
menosprezamos o positivo, terminamos só piorando tudo, pois é assim que o lado
escuro da vida fica mais forte, ganha terreno e se espalha. Quanto mais nos
envolvemos com o que não presta, menos presta nosso envolvimento.
Sabemos
que “violência gera violência” e que “gentileza gera gentileza”. Pois bem, é
por aí: concentre-se no que é negativo e sua vida se tornará mais negativa,
idolatre o medo e você perderá a coragem, deixe-se prender pela escuridão e
você não conseguirá mais ver a luz.
A
base de uma vida saudável é sempre o equilíbrio. Portanto, precisamos
equilibrar o negativo e o positivo. É claro que precisamos falar das coisas
ruins que andam acontecendo, mas um equilíbrio não é possível se só falamos
delas.
A
SOLUÇÃO DO NEGATIVO ESTÁ NO POSITIVO. O QUE RESOLVE A ESCURIDÃO NÃO É MAIS
ESCURIDÃO, MAS SIM A LUZ!
Espero
muito que um dia eu possa ligar a televisão para ver o telejornal e saber
também das coisas boas que andam acontecendo por aí, que eu possa me conectar
com a internet e não ser mais confrontado com tantas desgraças, catástrofes,
protestos, teorias conspirativas e outras coisas tenebrosas e espero ver mais
coisas boas, iluminadas e inspiradoras.
Sim,
espero. Pois a vida não é somente um filme de terror. Ela é também uma história
de amor.