Do
avesso ou do lado certo?
Das
certezas que tenho na vida, uma delas é que na prática, nada é absolutamente
preciso. Por mais metódicos que possamos ser, o universo é bem mais forte que a
nossa previsível organização.
Não
adianta agenda, planejamento, metas, logísticas.
Tem
horas em que a vida da gente parece que foi posta em uma coqueteleira, num
liquidificador, numa betoneira, numa roleta. Mistura tudo, nos vira de ponta
cabeça.
Passamos
a cavalgar sem rédeas. A andar no escuro, no piloto automático.
E
é claro que isso nos assusta, ainda mais para quem gosta de acreditar que tem o
controle de tudo. Balela.
A
força do universo, a vontade de Deus, é bem mais poderosa do que qualquer
cronograma. O que estava próximo ontem, hoje já nos parece tão distante. O que
estava a milhas e milhas, agora passou a ser tão real.
Clarice
Lispector disse certa vez que observa nela mesma as mudanças de estação, e que,
claramente, muda com elas. Ana Jácomo foi um pouco além ao descrever que: “Não há lugar para onde correr. As mudanças,
quando precisam acontecer, sabem como nos encontrar”.
Nunca
fui contrária a mudanças. Mas confesso que sempre tive receio em ser
surpreendida negativamente.
Pode
até ser contraditório.
O
quadro torto na parede me causa incômodo. O arranjo, do centro da mesa, fora de
lugar, da mesma maneira.
As
cadeiras, desencostadas, igualmente. Mas nesta fase da vida, encontro
explicação nas palavras de Marla de Queiroz: “Estou com sede de mudanças, mas não quero arrastar os móveis, nem
desentortar os quadros. Quero desabitar meus hábitos”.
Hoje,
aprendi que a vida precisa nos chacoalhar para que acordemos, para que
busquemos nossa evolução. Sair da zona de conforto, da rotina, é evoluir, é
aprendizado.
É
como ser surpreendido com um balde de água fria. Num primeiro momento, chega a
cortar a respiração. Depois, nos acorda, nos desperta, nos revigora.
E
quando o mundo muda, quando a gente muda também, é que os eixos se alinham para
que entremos no prumo.
E,
a partir daí, magicamente, coisas boas começam a acontecer. O que era apenas um
sonho, fica cada vez mais próximo de se tornar realidade.
Via: Resiliência Mag