E
comecemos assim: todos nós precisamos de alguém, que precise de nós...
Foi
burrice, inocência e imaturidade. Expectativas frustrantes, ilusões fracassadas
e pensamentos que o vento levou. Foi platônico, coisas da minha cabeça, coração
indefeso. Foi o que todo mundo falou, e eu neguei. Foi o que você não fez, e eu
continuei insistindo. Foi tudo o que os meus olhos apaixonados não enxergaram,
e que agora transparece sangrando na alma. Foi covarde da sua parte, e fraqueza
da minha. Foi medo, entrega absoluta e insatisfação. Foi um balde de água fria
no meu corpo inteiro, e o conforto da coberta no seu. Foi para você, mas para
mim, simplesmente, ficou. Desde que nos beijamos, eu nunca existi sem você.
Tudo palpitou acelerado aqui dentro, era uma mistura incontrolável da fome, com
a vontade de comer. Você chegou quando eu já não tinha mais esperanças de
encontrar alguém, trouxe cor ao que era preto e branco. Você foi tudo o que eu
nunca tive e, ao mesmo tempo, tudo o que eu desejei nunca ter conhecido.
Eu
fiz planos ao seu lado como se não houvesse amanhã. Abri mão de muita coisa por
você. Ninguém é obrigado a fazer isso por alguém, mas saiba, que não era nenhum
tipo de sacrifício poupar os meus próprios sorrisos, para conquistar os seus.
Perdi as contas de quantas vezes eu fiz por você, o que nunca ninguém fez por
mim. Não sou muito experiente em relacionamentos, mas eu sempre acreditei que a
sinceridade move montanhas. O primeiro passo, é não fazer com o outro, o que
você não gostaria que fizessem com você. Se colocar no lugar do próximo é
fundamental, dessa forma, podemos prever quais os resultados de cada atitude.
Só quem ama cuida, de resto, nada tem importância.
Pois
bem, eu cuidei de você. Me preocupava quando você ia dormir tarde, mas
precisava acordar cedo. Quando tinha que estudar, e ficava altas horas no
trabalho. Quando estava doente, e eu parava a minha vida para prestar um
socorro imediato. Eu me preocupava quando estava frio, e eu te dava a minha
blusa para se esquentar. Quando você estava com fome, e eu preparava o seu
prato preferido. Quando, antes mesmo de você sequer imaginar, eu te surpreendia
com qualquer coisa boba, só para te ver feliz. Definitivamente, eu não media
esforços para demonstrar o quanto eu era apaixonada por você. Eu fazia tudo, e
era espontâneo. Eu me preocupava antes de você pegar no sono, e te enchia de
carinho para sentir o amor correr nas minhas veias. Quando, por um descuido
qualquer, você tropeçava e eu segurava a sua mão. Quando os seus problemas
apareciam todos de uma vez, e eu servia de porto seguro para a sua calmaria
voltar ao eixo. Eu fui calor, quando você estava frio. E paciência, quando você
usava palavras secas para argumentar qualquer desentendimento. Eu fui
matemática, quando precisei contar até dez e não jogar tudo para o alto. E
português, todas as vezes em que pensei em te escrever o que sentia, mas me
faltavam palavras.
Eu
fui muito mais do que estava disposta, e além do que você merecia. Eu fui o seu
sonho, quando, abrindo a janela, apenas se via a tempestade. O amparo no
momento de desespero, o equilíbrio na emoção, e a estabilidade na
racionalidade. Eu fui salgada, quando você queria apenas doce. E amarga, quando
você repetia os mesmos erros. Eu fui compreensiva, tentei te entender e por
vezes, eu te desculpei. Perdoei coisas que eu me julgava incapaz. Chorei na
minha, no silêncio no meu quarto. Pausei a música, quando me lembrava você.
Rasguei todos os projetos que eu tinha com você. Eram grandes demais, para uma
pessoa pequena.
E,
então, a ficha caiu. Você nunca esteve comigo. Mantive um relacionamento
unilateral, me fechei no mundo e fiquei cega aos meus instintos. Se a paixão
não tivesse me deixado vidrada em você, talvez a realidade teria me dado um
tapa na cara. Foi tudo uma mentira. Você não reconhecia nada que eu fazia por
você e, por isso, não fazia a menor questão de retribuir. Você teve tudo muito
fácil, como queria, na hora e sem precisar sair do lugar. A culpada fui eu. Te
coloquei no trono mais alto do castelo, achei que a nossa história fosse
encantada, mas a única iludida, no caso, era eu.
Talvez,
nunca tenha existido nós. Eu criei, fantasiei e acreditei. Foi miragem, desejo
e vontade de realmente ter alguém. Depositei em você, algo mais pesado do que
você poderia carregar. Não estava leve. Não era você, nunca foi você.
Eu
não sei de onde eu tirei tudo isso...
Acho
que eu te amo, mas nunca deixei, primeiramente, de me amar.
Se
não vai somar, nem entra na conta.
Via: Me Apaixonei