Sobre o amor...



Porque relacionamentos honestos são raros, mas não estão extintos.
Nunca fui do tipo de pessoa que acredita nesta história de amor.
Descobri cedo que confiar nas pessoas só traz problemas. Aprendi a não deixar ninguém se aproximar o suficiente para me transformar em vítima, e esta regra passou a valer para todas as esferas de relacionamento em minha vida. Mas ninguém é feito pra ficar sozinho. Lá no fundo, todo mundo quer ser amado e quer alguém pra amar, pra ligar e contar como foi o dia, pra ser piegas, trocar presente de dia dos namorados, pra pensar em casamento, em filhos, em amor pra vida toda, mesmo que por um momento, mesmo sem ser pra sempre.
Então quando você aprende a nunca confiar, sempre se machuca do mesmo jeito.
Você se protege de tudo que podem te causar, e precisa conviver com uma realidade solitária e vazia. A cada decepção, a cada recusa, a cada companhia perdida, fica mais e mais amargo, cético, cínico, e fugir do sofrimento que outro pode causar acaba tão penoso quanto dar uma chance para o que a vida coloca em seu caminho. Eu vivia em relativa paz com esta perspectiva e já tinha aceitado e decidido que terminaria como as velhas loucas e ranzinzas, com quarenta gatos, dos desenhos animados.

Mas a vida colocou alguém em meu caminho que realmente parecia se importar.
Eu não podia permitir que ele se acomodasse, pois minha tragédia já estava planejada, então briguei, compliquei, e fiz de tudo para fazer com que fosse embora. Mas, para minha surpresa, pela primeira vez alguém insistiu em ficar ao meu lado.
Nem tudo são flores.
A todo o momento eu descubro algum grito de doença, insegurança e incerteza dentro de mim para atrapalhar as coisas, mas ele me prova, todos os dias, a cada implicância, a cada discussão, que está ao meu lado para o que der e vier, e dessa maneira, dia após dia, me ajuda a ser uma pessoa melhor.
Por mais escaldados que estejamos com a vida, se deixarmos a pessoa certa entrar, somos capazes de nos recuperar de todo tipo de trauma e sofrimento, pois o amor - não esta paixão adolescente vendida em novelas - mas o sentimento real de doação ao outro, é capaz de deixar ao menos um pouco mais confortável o mais doente dos corações.
Isso não quer dizer que eu virei o Bob Esponja.
Eu continuo de mãos dadas com a distimia, não confiando na grande maioria das pessoas, continuo ranzinza e ainda me imagino envelhecendo com um monte de gatos, mas desta vez com este homem ao lado. E, se um dia, tudo terminar, e ele seguir um caminho diferente do meu, ainda amaremos um ao outro, pois a doação de tudo de melhor que há em você nunca será limitada por um relacionamento amoroso.
Portanto, amigos leitores, revisito este texto para lhes pedir que aprendam a entender o amor tal qual como é, sentimento que nada se relaciona com o dia dos namorados. Acreditem e respeitem a verdade das pessoas, e entendam que para encontrar esse tipo de amor, vocês só precisam começar a senti-lo, doando o melhor de vocês para quem quer que escolham.

Via: Obvious