De
repente, um medo e uma coleção de pavores se instalam. Depois de instalado, a
Síndrome do Pânico dá um jeito de ficar entre as rotinas dos nossos dias nos
fragilizando. Ficamos em estado de alerta após as primeiras crises. O cérebro
se condiciona ao pânico e nos dita a hora de sentirmos em doses ordinárias, o
medo. Nos sentimos frágeis, tristes, e em constantes expectativas ruins que
todos os sintomas aparecerão mais uma vez...
Se
desencadeia a Síndrome do Pânico devido a vida turbulenta e acontecimentos
inesperados, trágicos. Pode estar ligado a depressão ou ao estresse. Pode
acontecer após a perda de alguém ou algum trauma. Pode ser decorrente de outras
doenças e pode aparecer do nada.
Esse
tal medo vem acompanhado de tremores, medo eminente da morte, medo de
enlouquecer ou perder o controle, taquicardia, sudorese, sensação de flutuação
(como se o espírito estivesse saindo do corpo), formigamento e dormência pelo
corpo ou partes dele. Uma dor no peito que parece infarto, perdemos o ar e a
respiração fica ofegante. O pânico é tão covarde, que precisa do nosso corpo
para se fazer em sintomas de pavores, nos faz vulneráveis e pessoas à nossa
volta não entendem. O medo de morrer, de enlouquecer, talvez, sejam os piores
deles.
Depois
das crises, podem aparecer choros. E o medo do medo, olha para nós,
confrontando nossa rotina com aquele sadismo de ‘até a próxima vez’. O medo nos
faz reféns e pode nos trancar dentro de casa por algum tempo, por anos. Ele
devasta os nossos risos em troca de tensões.
Pode
parecer loucura. Pode não ser entendido por muitos. Pode ser falta de serviço.
Pode ser patético. Pode ser desculpas para encarar a realidade. Pode ser...
Rótulos que carregamos porque não temos como explicar o que é uma crise de
pânico, apenas quando o sentimos instalado em nós. As más informações acerca da
doença, que não é ‘piti’, causa indiferença, consternação ou preocupação entre
nós e o outro.
O
medo do medo, não presta, não vale nada. O medo nos castiga, nos joga na lama e
nos faz sentirmos impotentes. A crise aparece em qualquer lugar, e quem nos
socorre, pensa que somos loucos, problemáticos. Somos levados para o pronto
socorro muitas vezes, fazemos todos os exames e nunca se tem diagnósticos.
Tudo
no nosso corpo está bem, mas estamos doentes com tantos sintomas estranhos ao
mesmo tempo, até que algum médico nos aconselha a procurarmos um psiquiatra ou
um neurologista. E alguns médicos, mesmo conhecendo a doença, nos olham com
dúvidas, nos observam com aquele olhar que nos diz: frescura, chatice, essa
pessoa aqui de novo, isso não existe. Se o doutor não acredita no medo do medo,
imagina nossas famílias, nossos amigos, nossos colegas que vivem nos
socorrendo. O que as pessoas não entendem, é que a Síndrome do Pânico são medos
que nos abraçam sem piedade, sem explicações para o mundo.
Temos
que ser fortes, respirar fundo em cada crise, experimentar vários remédios, até
que algum deles faça o efeito necessário. Medicação, terapia e terapias
alternativas, eis a grande ajuda para muitos. Ficamos limitados, dependentes de
remédios e nos fechamos no nosso mundo paralelo.
A
ansiedade, o estresse, a depressão e outras doenças que nos dão de presente a Síndrome
do Pânico, são impiedosas e não se preocupam em nos atirar no precipício dos
medos. E, por desespero, algumas pessoas ainda procuram ajudas espirituais com
gurus, médiuns, curandeiros, ou viverão até que uma cura instantânea possa
resgatá-los daquela armadilha.
A
Síndrome do Pânico não tem idade, identidade, apenas atiça o inferno nos
cotidianos, querendo se autoafirmar na fragilidade das pessoas. Não tem como
explicar tais sintomas, apenas quando se vive. Pode parecer sem explicação... E
daí? Se há coisas íntimas gostosas de se sentir e não temos como explicar, por
que deveríamos ter explicações para o pânico que é covarde e mau caráter?
O
mundo contemporâneo, tão apressado, cheio de contradições, com agendas lotadas,
muitos afazeres, nos fazem máquinas, e quando nos explodimos em medos,
percebemos que o nosso humano precisa daquele conserto de paz e alívio.
Esses
medos... Os outros medos... Todos os medos, nos colocam contra o muro da
realidade em se viver melhor, é verdade! A fuga? Vai ser individual, porque cada
pessoa vai, aos poucos, descobrindo qual o melhor remédio, a melhor alternativa
para que o tratamento seja mais eficaz. Quando se desencadeia a primeira vez,
carregamos o medo em segredo nos pensamentos, quem sabe, uma vida toda. Para
quem conseguiu sobreviver e vencer os malditos sintomas, por favor, viva melhor
a cada dia.