Disseram
a ela que homem nenhum ficaria ao seu lado caso ela não mudasse seu
comportamento. Ela sorriu e disse: “sou
minha, baby”. E não deixou de ser quem era para caber na vida de ninguém.
Ela sempre soube quem queria ao seu lado e como desejava viver. Jamais deixaria
que alguém coordenasse seus passos ou lhe dirigisse seus caminhos. Ela sempre
teve em mente que a vida é muito maior do que o seu status de relacionamento,
do que sua condição civil. Ser metade de alguém nunca fora prioridade. Ela
sempre acreditou que era inteira demais para buscar uma banda de laranja.
Disseram
a ela que ela deveria se comportar como uma moça de família, pois homens não
gostavam de mulheres baladeiras e que curtiam noitadas. A moça sempre teve em
mente que ela poderia ser quem quisesse. Mas não admitiria, em hipótese alguma,
ser Amélia de ninguém. Amélia era mulher de verdade pro homem que desejava que
ela fosse invisível aos olhos dos outros, que estivesse em casa preparando
comida e cuidando dos filhos, que abaixasse a cabeça para as suas represálias.
Ela não poderia ser Amélia. Nem que ela quisesse.
Disseram
que ela deveria ser mais comedida, menos espalhafatosa, que falasse apenas o
necessário e deixasse que o homem a conduzisse em todos os momentos. Ela olhou
para si, para a sua história, se viu batalhando nos momentos difíceis, sem que
alguém lhe estendesse a mão e não pôde ser ingrata com seu passado, com os dias
sem vitória, os dias em que teve ao seu lado única e exclusivamente sua
companhia. A moça não soube conciliar sua independência com a boa vontade
alheia.
Disseram
que ela deveria mudar seu jeito para caber na vida de alguém, que suas roupas
não condiziam com a vida de quem ela queria, que ser independente demais a
prejudicaria e que ela deveria baixar a guarda vez ou outra. A moça olhou para
sua vida mais uma vez, para a sua história, e convidou o moço para entrar. Fez
café, estendeu rede na varanda e deu a chave da casa. A única exigência que ela
fez foi que ele não lhe cortasse as asas, pois ela sempre compreendeu que todas
as exigências para caber na vida de alguém nada mais era que uma gaiola.
Via: O Amor é Brega