Muitas
pessoas sentem-se donas do que, na verdade, a vida nos empresta, para que
aprendamos que o que é nosso de fato é tão somente o que possuímos dentro de
nossos corações, nada mais do que isso. Pessoas e coisas saem de nossas vidas,
mas a essência do que foi verdadeiro jamais se despedirá de nossas almas.
O
momento certo de se retirar do emprego, de casa, de uma relação, equivale a
salvar vidas: a nossa e a de quem se beneficia também. Ter a consciência de que
é chegada a hora de partir para outras paragens será um dos maiores bens que
poderemos fazer a nós mesmos e a quem amamos de fato. Estender-se além do
permitido, além do que já se saturou e deu o que tinha que dar, em nada nos
ajudará.
Há
pessoas que se recusam a se aposentar, agarrando-se ao serviço como algo sem o
qual não se vive. Outros se aposentam, mas continuam na lida. Embora alguns
ainda consigam se manter inteiros por anos e anos, muitos acabam por
comprometer uma imagem que, até ali, era imaculada. Perdem-se por bobeira, por
simplesmente não querer desfrutar de um descanso mais do que merecido. Mal
sabem o tanto de vida que existe além dos escritórios.
Da
mesma forma, existem os relutantes em aceitar que o relacionamento terminou,
que a amizade extinguiu, que nada mais há a ser regado por ali, além de
terrenos infecundos. A pouco e pouco, distanciam-se da própria dignidade, na
luta vã por continuar namorando, casado, amigo que seja, quando não se
encontram mais possibilidades de florescer afetividade naquele lugar.
E
há quem não se permite desistir de nada nem de ninguém, como se alguma coisa ou
pessoa nesse mundo fosse propriedade de outrem. Sentem-se donos do que, na
verdade, a vida nos empresta, para que aprendamos que o que é nosso de fato é
tão somente o que possuímos aqui dentro de nossos corações, nada mais do que
isso. Pessoas e coisas saem de nossas vidas, mas a essência do que foi
verdadeiro jamais se despedirá de nossas almas.
A
passagem do tempo carrega consigo muito do que achávamos ser eterno e imutável,
obrigando-nos a nos despedir de muito daquilo que relutávamos em deixar para
trás. Mas não tem jeito, o que tiver de ser, será; o que tiver que ir, vai-se;
o que for para sempre, há de permanecer, mesmo que nas nossas mais doces
lembranças. É preciso saber a hora de sair de cena, no palco e na vida. É assim
que tudo de bom se eterniza onde existiu verdade e amor.