Tanto faz se sobe ou desce: o melhor caminho não é o mais fácil, mas o que leva para onde se quer chegar.
Em
Salvador, no centro histórico, há uma rua chamada de Ladeira da Preguiça. Quem
a conhece e já subiu por ela da Cidade Baixa para a Cidade Alta entende bem o
porquê do nome. Ele sente a mesma preguiça que deu nome à rua, na época em que
os escravos tinham que subir carregando as mercadorias do porto e sentiam pouca
vontade de enfrentar aquela rampa. Era mesmo de dar preguiça, mas quem queria
(ou tinha que) chegar até em cima era obrigado a enfrentar sua ingremidade. Não
tinha jeito.
É
assim também na vida. Há caminhos que não podemos evitar. Muitas vezes até
podemos, mas, ao escolhermos outro caminho, terminamos chegando também a algum
lugar, mas normalmente não onde queríamos.
Para
atingirmos o que queremos, temos que estar dispostos a enfrentar as ladeiras da
vida, às vezes subindo, às vezes descendo, mas sempre caminhando, sem desvios,
sem se deixar levar pela preguiça de prosseguir e sem cair na armadilha de
acreditar que o caminho mais fácil é sempre o melhor. É claro que não
precisamos dificultar as coisas desnecessariamente, mas há caminhos que são
importantes para nosso crescimento exatamente por não serem fáceis e é bom ter
a coragem de segui-los.
Quem
quer passar numa prova tem que estudar, quem quer construir uma casa tem que
colocar um tijolo sobre o outro e quem quer ver o mundo de cima tem que escalar
a montanha para chegar ao pico. É claro que encontramos tentações no trajeto e
convites para tomar o caminho mais fácil ou até mesmo pegar um atalho, o que é
válido, mas jamais será a mesma coisa.
Duas
pessoas resolvem, por exemplo, subir na montanha para ver o mundo lá do alto.
Uma vai a pé e a outra pega o bonde. Enquanto uma chega tranquila e descansada,
a outra suada e exausta. Só que elas terão feito experiências diferentes: a que
pegou o bonde fará a experiência extraordinária de ver o mundo de cima da
montanha, sim, mas a que subiu a pé terá algo mais: ela terá feito uma
conquista, constatará que pode caminhar com as próprias pernas, mesmo quando o
caminho é difícil, além de fazer um bom exercício físico, muito bom para sua
saúde.
As
duas opções são legítimas e não há nada de errado em pegar o bonde, mas é
preciso ter consciência de que, apesar de partirem do mesmo ponto e chegarem ao
mesmo destino, os dois caminhos são diferentes. Ambos levam ao topo, mas os
dois não fazem crescer da mesma maneira. O importante é saber qual o próprio
objetivo: se você só quer apreciar a vista lá de cima, suba de bonde (caminho mais
fácil). Mas se você quer mais que isso e deseja conhecer os próprios limites
(autoconhecimento), suba a pé. Só não vale pegar o caminho mais fácil e querer
conquistar as duas coisas. Isso não funciona.
E
se você agora pensa na Ladeira da Preguiça e acredita que o problema é subir e
que descer seria mais fácil, fique sabendo que isso nem sempre é verdade. Prova
disso é o nome de outra ladeira de Salvador, a Ladeira Quebra Bunda, que mostra
o quanto descer também pode ser arriscado. 😉