“Gosto
das pessoas que foram quebradas pela vida, existe uma beleza única nas suas
rachaduras.”
Zack
Magiezi
É
complicado tentar comparar ou mesurar sofrimento, porque as pessoas recebem e
digerem o que vem da vida, conforme aquilo que possuem dentro delas; trata-se
de algo muito pessoal. A dimensão que os acontecimentos tomam depende da forma
como cada um encara o mundo, dos valores e crenças que carrega,
independentemente de qualquer outra coisa. Talvez a dor seja proporcionalmente
mais intensa, quanto maior a quantidade de expectativas que ela quebre.
As
pessoas reagem de forma diferente aos mesmos acontecimentos, com maior ou menor
intensidade. Ademais, certos indivíduos externam o que sentem sem pestanejar,
enquanto outros prendem mais fortemente, somente para si, as escuridões que seu
íntimo enfrenta. Por essa razão é que se torna um tanto quanto injusto
compararmos as dores das pessoas tão somente nos baseando no que elas nos
mostram. Dentro de muitos, há tempestades dolorosas se formando.
Embora
não possamos comparar o sofrimento, ao menos conseguimos discernir que certos
acontecimentos machucam muito, de uma forma avassaladora, retirando o chão de
qualquer um. Existem tragédias que sequer imaginamos em nossas vidas, tais como
a perda de um filho, a perda de todo um patrimônio, uma deformação física
abrupta, uma doença terminal, condições adversas extremas. Infelizmente,
ninguém está livre de ter de enfrentar a perda do que lhe é vital.
Há
inúmeros exemplos por aí, à nossa volta, de gente que sobrevive ao que parecia
impossível de se suportar, ao que nada mais traz do que desesperança, desespero
e dor. Provavelmente, até entre nossos colegas, existem pessoas que já
atravessaram os corredores amargos das escuridões dolorosas e sobreviveram.
Porque são humanos e as pessoas são incríveis, possuem uma capacidade
interminável de se reinventarem, de se fortalecerem e de se reergueram de novo e
de novo, sobrevivendo ao que parece inconcebível, impossível.
E
o que move, no fundo, a todos os sobreviventes, que não sucumbem ao que parece
intolerável, é a esperança. Sim, esperança, fé, olhos fixos adiante, no
horizonte de possibilidades que ainda estarão por vir, na certeza de que há um
porquê por detrás de cada tombo nesta vida. Esperança na própria força, nas
pessoas, esperança no amor. Porque quem tem amor dentro de si jamais estará
desamparado, ainda que esteja sozinho.