Tive
dois dias de folga, me dei a alegria e o prazer de sair da rotina para cair nos
braços da família. Como é bom, às vezes, deixar a vida de todos os dias e
trocar os compromissos por uma caminhada no fim da tarde, almoço no restaurante
do shopping e ter tempo para parar com as pessoas pelas ruas sem aquela
sensação de estar atrasada.
Enquanto
caminhava fiquei pensando em como as aparências enganam ou não. Então, me
lembrei de uma frase do livro Querido John de Nicholas Sparks: “às vezes, a pessoa é realmente aquilo que
ela aparenta ser”. Fiquei pensando nisso quando algumas pessoas chamavam
minha atenção pelas ruas.
Realmente,
algumas pessoas representam a essência, assim como outras não passam de
aparências. É muito ruim pessoas superficiais com pouco ou sem contexto, é
verdade. Mas, uma pessoa que mostra aquilo que não é por dentro, deve ser
conflituoso para ela mesma. É melhor ser simples, pobre, simplório na aparência
do que na alma.
Uma
alma pobre é como estampa sem cores e flores, é doce de leite açucarado, é
tempero insosso, é ninguém no meio do nada, é estar perdida no corpo errado.
Não tem roupa que vista uma alma nobre de bondade. Pagar pela aparência é
fácil, mas ser bom, amar de graça e ser essência, exige coração de criança.
As
pessoas estão em processo de lapidação desde que nascem, são esculpidas, dia
após dia pela vida e pelo tempo, sofrem alterações, se modificam e transitam
entre essência e aparência.
Um
dia de folga me fez repensar em quem eu sou. Vivemos os dias sem olharmos para
nós mesmos. Muitas vezes não temos tempo ou paciência para ver, escutar e
sentir nosso existir na vida, vamos vivendo de aparência, e aquela imagem que
as pessoas têm de nós, pode ser verdadeira ou não. Ninguém se mostra nu para
todo mundo, porque é preciso intimidade com o interior para mostrar a alma.
Pior
do que julgar pela aparência, é viver de aparências. Ser apenas um sorriso
fácil, um corpo bonito, uma elegância em pessoa, um andar que convida, cabelos
bem tratados e escovados, dentes impecáveis... é bom também, mas tem a
necessidade de ser mais do que isso, tem a necessidade de ser gente, porque
ninguém suporta superficialidades.
Ser
verdadeiro, isto é o mínimo que deveríamos ser, no entanto a aparência ainda
fala mais alto, quando as pessoas têm a necessidade de belezas e não de
intenções verdadeiras. Um dia a beleza acaba, as ilusões vão cedendo para a
sobriedade, o olhar decide ser verdadeiro, o riso cansa de ser obrigado, e quem
você é se apresenta, porque ninguém consegue passar uma vida toda retocando
superficialidades, costurando insatisfações e fingindo sentimentos.
Um
dia de descanso compensa para repensarmos nas aparências que talvez não engana
ninguém, só a nós mesmos. Ser uma pessoa mais ou menos cansa e é patético. Não
tem roupa cara e linda que convence, quando a alma através do olhar denuncia: é
made in China.