A
vida não é um comercial da margarina. O correr dela envolve aprendizagem nos
piores momentos, alegrias depois de muito esforço e cura depois de muitas
feridas. E, para piorar, bate no estilo que Rocky Balboa definiu: “ninguém vai bater mais forte do que a vida.
Não importa como você vai bater e sim o quanto aguenta apanhar e continuar
lutando; o quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha”.
Há
muitas teorias sobre felicidade e sobre como alcançá-la, inclusive a de que
você tem que correr atrás para merecê-la. Quanta bobagem! Primeiro porque
felicidade não é um objetivo a ser alcançado, segundo porque você não é um
maratonista da São Silvestre. Que fique claro: felicidade é um estado de espírito
e não um objetivo de vida.
É
bom estarmos felizes, mas nesse estágio, não há nenhum tipo de aprendizagem.
Para que possamos evoluir como seres humanos, muitas vezes, a felicidade vem
embalada em um papel de sofrimento. Entenda que não há felicidade sem dor e não
há dor sem aprendizagem. Ninguém aprende sobre economia, se nunca precisou
economizar. Ninguém aprende sobre morte, se nunca enfrentou um luto. Ninguém
adquire inteligência emocional, se nunca foi rejeitado.
Estar
no processo de aprendizagem, mesmo que diante de um sofrimento, é enriquecedor.
Aprendemos a repartir, a ser solidários, a sermos compreensíveis. O que, aliás,
não aconteceria se a vida fosse só risos. Na verdade, a gente precisa mesmo de
uns tapas na cara para enxergar a realidade tal qual ela é e para aprender a
valorizar o que, realmente, importa.
Note
que as pessoas mais incríveis do mundo são dotadas de sabedoria, de
inteligência e discrição e adquiriram essas qualidades depois de muitas
lágrimas. As músicas mais belas foram criadas em um momento de melancolia e os
poemas mais profundos em um momento de saudade. Então, meu caro, sinta-se
privilegiado em sofrer.
Vinícius
só soube falar de solidão, depois de passar por nove grandes amores e definia a
alegria como, quase, inatingível (tão romântico, quanto exagerado). “É curioso, a alegria não é um sentimento
nem uma atmosfera de vida nada criadora. Eu só sei criar na dor e na tristeza,
mesmo que as coisas que resultem sejam alegres. Não me considero uma pessoa
negativa, quer dizer, eu não deprimo o ser humano. É por isso que acho que
estou vivendo num movimento de equilíbrio infecundo do qual estou tentando me
libertar. O paradigma máximo para mim seria: a calma no seio da paixão. Mas
realmente não sei se é um ideal humanamente atingível”.
Beethoven
redigiu a Nona Sinfonia em momentos de profunda tristeza e Fernando Pessoa
escreveu a maioria de seus textos quando se sentia entediado (isso explica,
talvez, tantos heterônimos). Agora seja sincero, o que leva você a pensar que a
vida seria diferente com você?
Pode
parecer estranho, mas tão importante quanto o amor, é o sofrer. Se sem o amor a
vida é triste, sem o sofrimento não há evolução intelectual e emocional. Proust
afirmava que “só nos curamos de um
sofrimento depois de o haver suportado até ao fim”. Sofrimento é
passageiro, mas o ensinamento adquirido com ele, eterno. É preciso ver além do
muro e acreditar que dias melhores virão.
Ninguém
sofre para sempre, nem chora o tempo todo. Sempre haverá outros amores, outros
motivos, outras alegrias. Encarar um sofrimento como um desafio é ser merecedor
da felicidade que virá depois dele.
Aprenda
a superar os desafios impostos pela vida. Chore, grite, sofra, mas supere.
Porque sofrer é teu direito, mas superar é sua obrigação.