As
linhas desenhadas em seus rostos não são apenas rugas, são marcas das lutas
diárias e das noites mal dormidas, sonos perdidos por nós.
Nossos
pais não serão para sempre jovens, um dia, vão envelhecer. E será uma honra se tivermos a oportunidade
de presenciar esta fase na vida dos nossos pais, pois teremos a chance de
retribuir-lhes toda a dedicação e cuidado que tiveram conosco, até que nos
tornássemos adultos.
É
melhor estarmos preparados para quando esta fase chegar. A velhice pode
torná-los carentes e necessitados de atenção e de ouvidos pacientes que escutem
seus casos e lembranças. As lembranças farão com que eles se sintam vivos.
Seus
ossos ficarão fracos, o corpo franzino precisará do nosso apoio para se
locomover. Será como se os ensinássemos a andar, como eles fizeram conosco um
dia.
A
mente confusa fará com que repitam suas falas por várias vezes, e precisarão da
nossa paciência. Talvez a gente não se lembre, mas quando éramos crianças,
certamente repetimos dezenas de vezes o quanto queríamos algo, um brinquedo,
por exemplo, testando a paciência deles.
Tentarão,
por inúmeras vezes, nos provar que algo em nosso passado ocorreu exatamente da
forma como descrevem, e mesmo que saibamos a verdade sobre os fatos, concordar
pode ser a melhor decisão, pois estarão mais sensíveis com a idade.
Embora
nosso trabalho, estudo e família nos tomem muito tempo, não os deixemos
sozinhos, mesmo que estejamos na mesma casa. Afinal, você se lembra do quanto
sentia medo por estar sozinho(a) em seu quarto, mesmo sabendo que eles estavam
no quarto ao lado?
A
insegurança da infância às vezes se repete na nossa velhice. Você já deve ter
ouvido alguém dizer que na velhice voltamos a ser criança, não é mesmo?
E
qual criança não precisa de atenção e cuidados?
Os
papéis se invertem, tenhamos paciência e sabedoria.
Por
longos anos, em diferentes situações necessitamos dos cuidados de nossos
pais. O despertador ao lado da cama para
que não se esquecessem de nos dar o remédio na hora certa lhes custavam noites
de sono. Mas se tivermos sorte de tê-los em nossa companhia por longos anos, os
papéis podem se inverter.
E
nada mais justo que estejamos ao lado deles quando precisarem. Tratando-os com
carinho e respeito. Será a nossa vez de lhes oferecer colo. E colo nem sempre é
o ato de carregá-los.
Colo
é companhia, atenção, acolhida. É mão estendida para uma caminhada pela rua. É
carinho no simples gesto de lhes pentear os cabelos quando as mãos trêmulas não
mais derem conta.
É
paciência ao esperá-los quando seus passos estiverem lentos e de compreendê-los
quando suas falas estiverem confusas.
Mas
é preciso trabalhar nossa mente para quando essa hora chegar. Porque no fundo,
não pensamos muito sobre isto e, de repente, somos pegos de surpresa por
situações que nos revelam que nossos pais envelheceram.
Tudo
isto pode ser mesmo meio assustador, pois não estávamos preparados para assumir
o papel de pais de nossos pais.
E
a gente nem imagina quanta honra há nesta inversão de papéis. Quanta honra há
em envelhecermos juntos com nossos pais.
Que
possamos nos vestir de paciência, carinho, compreensão e sabedoria, para que
eles se sintam seguros ao nosso lado, sintam-se amados e tenham uma velhice
digna e feliz.
E
nós, a consciência em paz!
Via: O Segredo