Sobre a velhice de nossos pais…



As linhas desenhadas em seus rostos não são apenas rugas, são marcas das lutas diárias e das noites mal dormidas, sonos perdidos por nós.
Nossos pais não serão para sempre jovens, um dia, vão envelhecer.  E será uma honra se tivermos a oportunidade de presenciar esta fase na vida dos nossos pais, pois teremos a chance de retribuir-lhes toda a dedicação e cuidado que tiveram conosco, até que nos tornássemos adultos.
É melhor estarmos preparados para quando esta fase chegar. A velhice pode torná-los carentes e necessitados de atenção e de ouvidos pacientes que escutem seus casos e lembranças. As lembranças farão com que eles se sintam vivos.
Seus ossos ficarão fracos, o corpo franzino precisará do nosso apoio para se locomover. Será como se os ensinássemos a andar, como eles fizeram conosco um dia.
A mente confusa fará com que repitam suas falas por várias vezes, e precisarão da nossa paciência. Talvez a gente não se lembre, mas quando éramos crianças, certamente repetimos dezenas de vezes o quanto queríamos algo, um brinquedo, por exemplo, testando a paciência deles.

Tentarão, por inúmeras vezes, nos provar que algo em nosso passado ocorreu exatamente da forma como descrevem, e mesmo que saibamos a verdade sobre os fatos, concordar pode ser a melhor decisão, pois estarão mais sensíveis com a idade.
Embora nosso trabalho, estudo e família nos tomem muito tempo, não os deixemos sozinhos, mesmo que estejamos na mesma casa. Afinal, você se lembra do quanto sentia medo por estar sozinho(a) em seu quarto, mesmo sabendo que eles estavam no quarto ao lado?
A insegurança da infância às vezes se repete na nossa velhice. Você já deve ter ouvido alguém dizer que na velhice voltamos a ser criança, não é mesmo?
E qual criança não precisa de atenção e cuidados?
Os papéis se invertem, tenhamos paciência e sabedoria.
Por longos anos, em diferentes situações necessitamos dos cuidados de nossos pais.  O despertador ao lado da cama para que não se esquecessem de nos dar o remédio na hora certa lhes custavam noites de sono. Mas se tivermos sorte de tê-los em nossa companhia por longos anos, os papéis podem se inverter.
E nada mais justo que estejamos ao lado deles quando precisarem. Tratando-os com carinho e respeito. Será a nossa vez de lhes oferecer colo. E colo nem sempre é o ato de carregá-los.
Colo é companhia, atenção, acolhida. É mão estendida para uma caminhada pela rua. É carinho no simples gesto de lhes pentear os cabelos quando as mãos trêmulas não mais derem conta.
É paciência ao esperá-los quando seus passos estiverem lentos e de compreendê-los quando suas falas estiverem confusas.
Mas é preciso trabalhar nossa mente para quando essa hora chegar. Porque no fundo, não pensamos muito sobre isto e, de repente, somos pegos de surpresa por situações que nos revelam que nossos pais envelheceram.
Tudo isto pode ser mesmo meio assustador, pois não estávamos preparados para assumir o papel de pais de nossos pais.
E a gente nem imagina quanta honra há nesta inversão de papéis. Quanta honra há em envelhecermos juntos com nossos pais.
Que possamos nos vestir de paciência, carinho, compreensão e sabedoria, para que eles se sintam seguros ao nosso lado, sintam-se amados e tenham uma velhice digna e feliz.
E nós, a consciência em paz!

Via: O Segredo