Quando a vida não lhe oferece o final que você esperava, você arranca forças do seu íntimo, e ainda consegue sair de forma graciosa.
A
sabedoria popular nos ensina que há sempre um aprendizado a ser recolhido
depois da dor. É verdade. As alegrias costumam ser preparadas no silêncio das
duras esperas. Não é justo que o ser humano passe pelas experiências de
calvários sem que delas nasçam experiências de ressurreições. Por isso, depois
do cativeiro, o aprendizado.
Ao
ser resgatado, o sequestrado reencontra-se com seu mundo particular de modo
diferente. A experiência da distância nos ajuda a mensurar o valor, e o
sequestrado, depois de livre, mergulha nesta verdade. Antes da necessidade do
pagamento do resgate, da vida livre, sem cativeiro, corria-se o risco da
sensibilidade velada. A vida propicia a experiência do costume. O ser humano
acostuma-se com o que tem, com o que ama, e somente a ruptura com o que se tem
e com o que se ama abre-lhe os olhos para o real valor de tudo o que estava ao
seu redor. As prisões podem nos fazer descobrir o valor da liberdade.
As
restrições são prenhes de ensinamentos.
Basta
saber parturiar, fazer vir à luz o que nelas está escondido. A ausência ainda é
uma forma interessante de mensurar o que amamos e o que queremos bem. Passar
pela experiência do cativeiro local da negação absoluta de tudo, o que para nós
tem significado, conduz-nos ao cerne dos valores que nos constituem. O resgate,
o pagamento que nos dá o direito de voltar ao que é nosso, condensa um
significado interessante. Ele é devolução. É como se fôssemos afastados de
nossa propriedade, e de longe alguém nos mostrasse a beleza do nosso lugar, dizendo:
“Já foi seu; mas não é mais. Se quiser
voltar, terá que comprar de novo!” Compramos de novo o que sempre foi
nosso. Estranho, mas esse é o significado do resgate.
Padre
Fábio de Melo