Queremos
um amor do tipo mala com rodas, que não nos demande força. Talvez seja por isso
que nos encontramos em relacionamentos tão vazios e sem vida.
Amar.
Verbo difícil de ser conjugado. Difícil de aprender, mais difícil, ainda, de
ensinar. Mas precisamos dele e, assim, não temos como deixá-lo de lado. Apesar
de ser difícil entender tudo que ele faz conosco. Noites perdidas, choros,
soluços e uma porção de coisas que não conseguimos nem definir. Tudo parece tão
bonito quando se ama e, se é assim, por que não amar?
Eu
digo. Porque amar traz dor de cabeça. Amar dá trabalho. E quem está disposto a
se esforçar? Queremos um amor do tipo mala com rodas, daqueles que não nos
demandam força. Talvez seja por isso que nos encontramos em relacionamentos tão
vazios e sem vida.
Queremos
alguém que se encaixe perfeitamente em nossas vidas. É como se estivéssemos em
uma entrevista analisando o melhor currículo. Se o candidato aparenta algum
problema, logo tratamos de dispensá-lo. Afinal, não queremos ficar com alguém que
nos traga problemas. Queremos, como diz o povo, “uma árvore com sombra”.
Mas,
e aí? O que isso garante? Um relacionamento estável? Uma troca de
conveniências? Provavelmente, mas nada substitui o amor. Amor de verdade, não
desse tipo. Daqueles que tiram o sono, que nos fazem renegar a vida sem o ser
amado, que provocam choros e soluços. Pois o outro é cheio de defeitos e erros.
E ainda assim o amamos.
Amamos,
como diria Nietzsche, porque estamos habituados a amar. Mais que isso. Porque
reconhecemos no outro as nossas fraquezas. Quem ama é humilde para reconhecer
que possui inúmeros defeitos e, ao contrário do que pensam, para enxergar os pormenores
dos defeitos do outro.
Enxerga
e não se conforma com a situação. Pelo contrário, busca melhorar e se livrar
dos vícios que o afastam do ser amado. Reconhece que tem defeitos e que o outro
também os tem, mas não se dobra a eles. Tenta fazer deles seus escravos. Uma
vez que a beleza do amor está em tornar-se alguém melhor para o ser amado. Isto
é, extinguir todas as barreiras que o afastam do outro.
Não
é prepotente para dizer me aceite como eu sou. Tem coragem para amar e estar ao
lado do outro, como o melhor que pode ser. Portanto, esforça-se. Sem medo,
mergulha em águas profundas, à procura da beleza que só o fundo do oceano pode
ter.
Não
tem medo de ligar de madrugada, se for para dizer eu te amo. Sabe que a cada
dia pode melhorar e melhora. Não porque existe uma obrigação, mas porque a vida
nos dá oportunidades e não é pela preguiça e pelo conformismo que devemos
deixá-las passar. Deixar passar a oportunidade de ser importante para alguém de
verdade e em cada suspiro ter o seu eu junto.
Amar
é superar os obstáculos unidos. É saber caminhar de mãos dadas e, quando
necessário, carregar o outro no colo. Amar não é ter alguém pronto ou perfeito.
Amar é estar disposto a se tornar perfeito para o outro. É não ter orgulho para
pedir desculpas e chorar, se for necessário. Amor é muito mais do que um
contrato ou uma seleção.
Amor
é para quem não tem medo de sustentar sua existência além de si mesmo. É para
aqueles que gostam de mochilas sem rodas. É para que tem, no abraço do outro,
um refúgio que livra de todos os medos. É para quem não tem medo de se
envolver, de estar junto e lutar dia a dia, lado a lado. É para quem entende
que o amor tem beleza própria, a qual nos faz belos.
Amar
é um desafio, pelo qual nem todos conseguem passar. E, por isso, procuram
opções mais fáceis, mais rápidas. Mas o amor é para quem tem paciência. É para
quem tem coragem de ser a razão do sorriso do outro. É para quem se esforça
para ganhar mais sorrisos, pois os sorrisos de um amor são como poemas na alma.
É para operários que não têm medo de se sujar, pois, “o amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no
melhor que podemos ser”.
Via: Obvious