Se
existe um escravo na relação é porque na outra extremidade dela existe um
senhor...
Nós
podemos priorizar pessoas em situações de emergência. Podemos exercer o
altruísmo e darmos mais do que recebemos quando é possível fazê-lo. Podemos
também ser gentis e receptivos socialmente, entretanto, na rotina dos
relacionamentos, priorizar constantemente quem nos deixa sempre em segundo
plano não costuma ser uma atitude que traz real satisfação pessoal.
Quando
percebemos que isso é uma realidade em nossas vidas é necessário olhar com
atenção e entender se o que está acontecendo é algo que faz parte da dinâmica
do relacionamento onde, em alguns momentos, um dos pares está mais disponível
que o outro ou se estamos falando de uma constante relação de submissão e busca
por um retorno profissional ou afetivo que não tem grandes chances de mudança,
ou que talvez não tenha os melhores resultados através desse tipo de
posicionamento pessoal.
Podemos
pensar em alguém com uma estima baixa como, por exemplo, uma pessoa que não se
sentiu amada na infância e que pode passar a vida esperando ser reconhecida
justamente por aqueles que não a veem como alguém de valor. É como se as
escolhas fossem exatamente direcionadas para aqueles que só podem lhe oferecer
migalhas de afeto e atenção. Quando a atenção é plena e total é mais provável
que surja mais o desinteresse do que propriamente a felicidade. Afinal, como alguém
‘realmente interessante e desejável’ poderia querer alguém com ela? Esse tipo
de situação não é incomum em amores platônicos por pessoas hierarquicamente
superiores no trabalho ou mesmo por pessoas que não estão disponíveis para amar
e realmente se entregar a uma relação.
Também
não seria incomum esse comportamento em pessoas que tiveram uma infância muito
rígida e disciplinada onde o afeto só acontecia mediante a entrega da
perfeição. Pessoas que crescem nesse tipo de ambiente tendem a esconder suas
próprias falhas, pois as supervalorizam. Tendem, ainda, a atribuir demasiado
valor ao que vem de fora e sujeitam-se a receber menos, assim como acontecia
com seus pais, mantém-se em posição secundária e subordinada.
Lembre-se
que se existe um escravo na relação é porque na outra extremidade dela existe
um senhor. Entretanto, muito do poder que esse ‘senhor’ exerce pode ser fruto
apenas do que você lhe atribui. Nesses casos, talvez seja a hora de rever o
motivo de você estar sempre em segundo plano e trabalhar para libertar-se.
Via: Caminhos