Chegará
um dia em que você vai olhar pra trás e perceber que nem tudo foi como
gostaria.
Que
não ficaram todas as pessoas que você queria e que não conquistou os bens
materiais que desejava; tão pouco o emprego que perambulava em seus sonhos.
Você
vai ver que muita coisa ficou pra trás; que já está ficando pouco sensível para
os cheiros e gostos da infância. Entenderá que já passou do ponto de querer
algumas coisas, que se tornaram irrecuperáveis algumas outras, que não tem mais
vontade de fazer aquela viagem ou que suas experiências já não querem te deixar
fazer certos planos.
Por
outro lado, você já deve ter percebido que, apesar de a vida ter sido diferente
da que você imaginou que teria, ela foi generosa. Substituiu o emprego dos
sonhos por um em que você encontrou uma grande amizade, ou colocou em seu
caminho possibilidades de viagem que até então não sonhava. Algumas pessoas se
foram sim, pra sempre ou por um até logo, mas muitas outras apareceram; e a
vida dá provas de que está se reinventando.
Nesse
dia você entenderá que não é justo pensar que a vida não valeu à pena só porque
evoluiu diferente do que se imaginava. As alternativas que você viu aparecer
fizeram com que o inesperado tivesse seu valor. Então, dê-se à ousadia de dar
valor. Ao emprego que não se esperava; aos filhos que por ventura tenham vindo
ou aos sobrinhos que fizeram essa vez; ao passeio alternativo e prazeroso; aos
amigos que se foram, mas mantêm os laços à distância; ao rosto moldado pelas
marcas dos dias passados.
Vida
é vida. Vale à pena, em qualquer circunstância. Deixa-a seguir seu curso,
porque ela não pode ser previsível. A melhor história é aquela em que o final
nos pega de surpresa.
E
se é pra ser assim, deixe que ela te surpreenda.
Viva
sem reservas, pois a única mudança que se deve lamentar de fato é um término
brusco e repentino, sem que se tenha tempo de despedir-se dos inesperados que
essa vida lhe deu.
Alessandra
Piassarollo