Tem
uma música da Legião Urbana que eu gosto muito que diz assim: “Será que você vai saber o quanto eu penso
em você, com o meu coração?”. A música é doce e a letra encanta pela
simplicidade dos versos. Quem nunca se sentiu assim? Quem nunca passou um dia inteirinho
pensando em alguém que não está mais por perto? Porém, jamais iremos saber por
completo se há reciprocidade nesse sentimento tão subjetivo que é o pensamento.
Pensar
em alguém com saudade não exige reciprocidade. Porém, não queremos ser
esquecidos. Mais ainda, queremos ser lembrados por aqueles que ainda vivem em
nosso pensamento. Como disse Bruno Fontes: “é
tão difícil carregar uma saudade sozinho...”
Queria
mesmo que você pensasse em mim de vez em quando. Que tivesse vontade de mandar
um “oi” pelo WhatsApp ou mesmo um
emoji feliz, assim, do nada, no meio da tarde. Que, mesmo que não me enviasse
um “bom dia” pela manhã, sussurrasse
em silêncio, ao acordar, que me deseja os melhores votos. Que tivesse
lembranças doces. Que, mesmo sem intenção de voltar, não me deixasse passar.
Eu
carrego em mim todas as saudades, lembranças e até mesmo detalhes bobos que
deveriam ter passado batido mas eu fiz questão de absorver. No fundo eu sabia -
a gente sempre sabe - que não seria para sempre. Mas eu queria mesmo assim. Eu
queria guardar dentro de mim todas aquelas bobagens pra depois revisitá-las com
calma, aumentando, diminuindo e até enfeitando. A gente tem o costume de lembrar
das coisas de um jeito mais bonito do que elas realmente foram, por isso essa
saudade de tudo.
Fico
aqui pensando se você ainda se lembra. Se de vez em quando apareço no banco do
carona durante um engarrafamento ou no meio de uma reunião chata. Porque comigo
é comum acontecer. De vez em quando fica uma bagunça aqui dentro, meu
pensamento trazendo você de volta, minha realidade dizendo que você não está
mais aqui. Mas eu finjo equilíbrio. Sigo meu caminho e disfarço minha saudade.
Transformo falta em sorrisos e ausência em leveza. Não sei se você faz o mesmo.
Se faz, tem tido muito mais êxito do que eu.
“Será que você vai saber o quanto
penso em você, com o meu coração?”
Acho que você nunca saberá. O tempo vai passar, a saudade dissipar e a vida
caminhar. Talvez um dia, tarde da noite, eu volte a me lembrar. Nesse dia vou
sorrir sozinha, em silêncio, e se alguém perguntar o motivo, vou dizer somente:
“tem lembrança que a gente não quer que
morra nunca, mas cedo ou tarde elas vão embora. Por isso, quando chegam pra uma
visita, a gente se faz de bobo e abre a porta...”