Ninguém
sabia o quanto eles eram cúmplices, parceiros, o quanto haviam batalhado um
pelo outro, o quanto lutavam para se entenderem, o medo que tinham de se
perderem um do outro, porque, na verdade, não se preocupavam com o que os
outros achavam. Ninguém imaginaria, mas nem precisava, pois eles tinham
certeza.
Ninguém
sabia o quanto eles eram cúmplices, parceiros, fiéis um ao outro,
respeitando-se com afeição mútua e sincera. Conheciam-se como ninguém e sabiam
exatamente do que o outro precisava, pois se doavam com inteireza,
enxergando-se com os olhos do parceiro. Ninguém podia imaginar, mas eles tinham
certeza.
Ninguém
sabia o quanto haviam batalhado um pelo outro, na esperança de que ficassem
juntos, apesar de tudo, a despeito de todos. Desde o início, dispuseram-se a se
despir de quaisquer amarras, tornando-se livres e libertos de entraves carregados
de orgulho e de incompreensão. Despiam-se, além das roupas, fundo na alma.
Ninguém podia imaginar, mas eles tinham certeza.
Ninguém
sabia da capacidade de entrega a que se dispunham, o quanto lutavam para
entender, compreender e aceitar o outro, naquilo que ele tinha de bom e de
ruim, pois visavam ao encontro do fim de noite, em que a escuridão abafa as
falhas e eleva o contato, a aproximação, a fusão mágica das almas em comunhão.
Ninguém podia imaginar, mas eles tinham certeza.
Ninguém
sabia que choravam, decepcionavam-se, amargavam a dor da quebra de
expectativas, do afogamento das promessas, do silêncio que dilacera. Desciam
juntos ao fundo do poço, para então recobrar os sentidos e reforçarem a
intensidade da imensidão a que se alargava sua paixão, como que se necessário
sorverem as delícias da bonança que ressuscitava o amor em meio à tempestade
que se ia. Ninguém podia imaginar, mas eles tinham certeza.
Ninguém
sabia que eles também tinham medo de se perderem um do outro, de que a dureza
fria da rotina diária imprimisse o afastamento entre suas vidas. Mas lutavam,
eram verdadeiros guerreiros, quando se tratava de resguardar a pureza do amor
transbordante de que se alimentavam. Sempre voltavam um para o outro.
Viciaram-se um no outro, da pior e da melhor forma possível. Ninguém podia imaginar,
mas eles tinham certeza.
Ninguém
podia imaginar, porque não se preocupavam com o que os outros achavam, tampouco
inundavam as redes sociais de fotos ou declarações, ocupados que estavam em
serem par, serem seus, serem o que vinha de dentro de si mesmos, serem um do
outro. Ninguém imaginaria, mas nem precisava, pois eles tinham certeza.