Vi
que você estava online e a minha vontade era de deixar o orgulho de lado e te
mandar um “oi”, te perguntar como
estavam as coisas. Mas lembrei que já fiz tantas vezes isso, e sempre que eu
volto atrás, você segue. Sempre quando te procuro, você some. Sempre que falo
com você, minhas mensagens ficam pra depois. Voltei pro meu lugar, respirei
fundo e repeti em silêncio: “dessa vez eu
não vou falar”. Passaram horas, dias, semanas. Até que você aparece com um “oi”, fingindo estar interessado em
minha vida quando na verdade só queria saber se eu estava bem sem você, porque
enquanto eu estava mal você sequer se importou. Dessa vez, deixei o celular em
cima da cama. Sem me interessar pelo barulho da notificação, deixei a tua
mensagem ali: descendo, descendo, descendo. Enquanto eu sigo, em frente, pra
frente, livre e sem você em mente.
Eu
te enviava mensagens e você não respondia. Eu te via online curtindo e
comentando nas fotos dos outros. Eu via você respondendo os seus amigos
enquanto me deixava pra depois. Você não me respondia porque, simplesmente, não
queria responder. Você tinha tempo, era só abrir a minha janela, sabe? Mas você
preferia me deixar na geladeira e me manter na expectativa. E eu idiota,
insistia em continuar te enviando mensagens. Eu pensava: “talvez ele não tenha visto ainda”. E eu enviava uma, duas, três
vezes. E mais uma vez eu me enganava: “minha
internet tá uma bosta, acho que ele nem recebeu”. Tudo bem que a minha
operadora às vezes me deixa na mão e eu até já me acostumei com isso. Mas você
recebia e não respondia, não queria responder. Até que a ficha caiu e eu não te
procurei mais, até que eu parei de encher o teu saco, de ficar perdendo tempo
com a tua indiferença. Te deixei de lado e saí do teu jogo. Quando você
percebeu que as minhas mensagens não chegavam mais, quando você percebeu que eu
finalmente tinha desistido, você me escreve um: “e aí, meu bem”. Desculpa, mas esse seu “meu bem” (que pra mim, parece mais um “eu não me importo com você” ou sendo mais direta ainda: “tô pouco me fodendo pra você”) vai
ficar pra amanhã, ou depois, ou pra quando eu quiser responder, se eu quiser
responder, se eu acordar disposta pra te responder, porque papel de trouxa, eu
até me permito fazer, mas só uma vez. Eu te bloqueava no Facebook, te removia
do Whatsapp, tentava esquecer o número do teu celular, deixava de te seguir
pela internet. Mas sempre voltava atrás porque eu sentia uma curiosidade
incontrolável de saber como você estava, onde estava, com quem estava. Eu tinha
essa mania de remoer a dor, de estender a decepção, de mexer na minha ferida,
de jogar o passado pro presente e empurrar com a barriga o que já nem tinha
tanto sentido pra mim. A troco de quê? De nada, eu sei. Até que eu percebi que
não adiantava te bloquear nas minhas redes se eu sempre voltava atrás. Você já
me fazia mal e eu sabia disso. Mas tem coisas que a gente não quer acreditar, a
gente insiste em não acreditar porque acreditar na realidade às vezes dói. E
então a gente prefere mentir pra nós mesmos dizendo repetidas vezes: “vai dar certo, vai dar certo, vai dar certo”.
Até que chega o dia em que a gente aceita que o que tem pra doer, melhor que
doa agora, que o que não mais acrescenta não se leva adiante, e que bloquear
uma pessoa no Facebook não significa bloquear da vida.
E
um dia a gente aprende, certas coisas não merecem o nosso tempo e é por isso
que a gente deve parar de correr atrás de alguém que não tá nem aí. A gente
precisa deixar algumas coisas irem embora pra abrir caminhos pras coisas
melhores.