Nada
nesta vida acontece por acaso. Tudo tem uma explicação muito mais profunda do
que podemos perceber superficialmente na hora do choque. Acumular bagagens dói.
Machuca porque muitas vezes é preciso cair, dar a cara a tapa, ralar o joelho,
prender o dedo na porta e chorar angustiado, daquelas lágrimas que nascem bem
no fundinho da alma, para entender que talvez aquele caminho nunca fosse na
verdade uma opção.
Aprendemos
com os desencontros que tudo que vem fácil também se vai fácil e que é
necessário respirar acima de tudo para se dar o tempo certo de prosseguir.
Tem
coisas no universo da gente que desabam como pancadas de chuva no verão,
completamente desavisadas. O término por mensagem, a traição na balada,
mentiras que emergem à tona, a desilusão de não ser correspondido, o fim depois
de anos, o coração tristemente partido. Perdemos o rumo, as esperanças, a fé, a
vontade de tentar novamente em um terreno mais propício, cedemos. Somos
vencidos pelo medo da mágoa e a dor da cicatriz volta a pulsar cada vez que uma
situação confrontante parece enganar os nossos olhos. Viver é difícil justamente
porque exige coragem.
Ser
uma pessoa feita de experiências tem suas inconveniências: se não trabalharmos
nossa força muito bem, corremos o risco de não conseguir amar novamente.
Ficamos presos a um redemoinho de incertezas e aquilo que antes era fluido e
natural vira quase uma obrigação. Dura e literalmente forçada. Tudo depende da
maneira como lidamos com nossas frustrações e do peso que agregamos ao que
vamos acumulando ao longo da travessia. Que saibamos avaliar a importância
certa daquilo que aconteceu, sem supervalorizar um problema. Dor é dor em
qualquer lugar, mas nem sempre (quase nunca na realidade) é o fim do mundo.
Algumas
quedas foram feitas para acontecer. Por mais que na hora absolutamente nada
faça sentido, pode ter certeza, um dia as justificativas aparecem por si só.
Claras, sensatas e resolutas. Se não ficou é porque não era para ser, se
brincou com a nossa confiança é porque não era tão importante afinal e
principalmente se não vale o esforço do outro, também não vale o seu. Nem a sua
infelicidade, seu sorriso frouxo ou a feição abatida.
Somos
feitos de sentimentos e tem hora que é essencial colocar para fora sim.
Momentaneamente, não para o resto da vida. Deixa doer aquilo que te dilacerou
por dentro pelo tempo necessário para os caquinhos se reencontrarem. Quando a
cura vier, segue o jogo.
Prevalecer
em uma decepção mais do que o tempo fundamental além de perda de tempo é
desgaste de energia. Repito: nada acontece por acaso. As coisas são como são e
o que é nosso está escrito em algum lugar deste cosmos todo.
Sem
sombra de dúvidas, tudo é indispensável. Mesmo aquele tombo repetido que você
parece não aprender jamais. É o que nos forma, nos orienta, nos guia rumo a uma
transformação superior como indivíduos.
E,
sobretudo: felicidade não é sorte, é merecimento. De tanto cair de cara no buraco,
cedo ou tarde a gente compreende que precisa desviar dele. E é nesse desvio que
encontramos o que tanto buscamos: o amor, a paz, o recomeço. Sozinhos ou de
mãos bem dadas.
Via: Coffee Break