Não
há como negar. Sempre vai ter um ex, uma história complicada, uma questão mal
resolvida. Algumas coisas que ainda machucam no presente, é porque já foram
muito dolorosas no passado. As desilusões de agora já foram expectativas
fracassadas há alguns anos. Ou seja, é inevitável abrir mão do que passou. No
entanto, é possível usar o passado como trilha e não mais como destino.
Tentamos
recomeçar, mas é difícil esquecer daquele que nos machucou. Recuperamos a
autoestima, mas ainda assim pequenos detalhes nos deixam inseguros. Esquecemos
do que é amar, pois sofremos demais com quem não merecia. Nossa memória é
afetiva e está a nos apontar constantemente.
Sonhamos
e desejamos tanto o futuro, porém, inconscientemente, acabamos retornando ao
passado. Não só como resgate para lembranças, mas também como espelho para os
próximos passos. Repetimos histórias em que só trocamos os personagens. Quando,
por um desvio, não há repetição, tememos. Temos receio de que o passado retorne
em formato de presente e aí, na tentativa de evitar, pausamos o viver.
Nesse
vai e vem entre tempos verbais, estacionamos no meio do caminho. Ao mesmo tempo
em que não conseguimos nos livrar do passado, sofremos pelo futuro e nos
esquecemos do presente. Seguimos a esperar que o passado volte, que os mortos
ressuscitem, que o carma aconteça. Ao invés de torná-lo a trilha para novos
acontecimentos, deixamos que ele interfira nos nossos sentimentos e decisões.
A
questão é enxergar o que passou como aprendizado e não como o espantalho que
nos assusta na caminhada. Ele estará presente por toda a trilha, mas não poderá
nos deter. Continuaremos andando, vivendo, sentindo. Mesmo com medo do futuro,
apesar dos obstáculos do presente. Como dizia Drummond, havia uma pedra no meio
do caminho. É ela que nos fortalece. Ainda bem.
Via: Sem Travas na Língua