Muita
gente confunde bondade com incapacidade de dizer “não”, de colocar limites, de dizer o que gosta e o que não gosta,
de satisfazer as próprias necessidades.
Aprender
a dizer “não” não é sair chutando a
porta por aí. É estar pronto para amadurecer com confiança, certo de que não
deixará de ser amado só porque decidiu levar seus desejos e opiniões em
consideração.
Não
se trata de dizer que “não somos
obrigados a nada”, e sim de entender que é importante aprender a se
posicionar diante da vida, das exigências do dia a dia, das pessoas e do que
cada situação exige.
A
vida exige rupturas. Exige que abandonemos nossos ninhos no alto das árvores e
ganhemos o céu. Mesmo que o preço seja cair e nos ferir algumas vezes, a
recompensa de nos tornarmos quem realmente somos faz valer a pena.
Esqueceram
de nos contar que podíamos recusar aquele convite, que não era pecado dizer “não” àquilo que não estávamos dispostos
a fazer, que não devíamos nos sentir culpados quando impúnhamos limites ou
sentíamos necessidade de nos agradar em primeiro lugar.
Esqueceram
de nos contar que ser ‘bonzinho’ é diferente de ser bom. Que quando me
desagrado para agradar aos outros estou descumprindo a lei do amor que diz: “ame a teu próximo como a ti mesmo”.
Ser
bom é ter empatia, é se compadecer da dor do outro e estar a postos para
ajudar, é ter compaixão, tolerância e respeito pelos que nos cercam. Já ser ‘bonzinho’
é satisfazer as expectativas dos outros, o que nem sempre satisfaz as nossas
próprias expectativas. É carregar um fardo nas costas, já que é exaustivo
corresponder fielmente ao que é esperado por todos, mas nem sempre está de
acordo com o que intimamente queremos.
O
preço de ser bonzinho é a fragilidade. Pois enquanto preferirmos corresponder
às expectativas externas em detrimento de nosso próprio bem-estar, estaremos
frágeis, susceptíveis ao julgamento externo, vulneráveis ao que pensam ou
deixam de pensar a nosso respeito. Quem deixa de ser ‘bonzinho’ se fortalece.
Descobre que tem valor mesmo quando recusa um favor ou prefere pintar o cabelo
de azul.
A
vida ensina sussurrando. Enquanto não aprendermos a ser autênticos no querer ou
não querer, no permitir ou não permitir, no autorizar ou não autorizar, iremos
sofrer as consequências de não sermos gentis com nosso próprio espírito. Não se
trata de ser egoísta, e sim de se respeitar em primeiro lugar. Só assim
estaremos prontos para ajudar. Só assim estaremos aptos a amar...