Tentamos
disfarçar que não dói, tentamos disfarçar a saudade e dizer pra nós mesmos que
devemos seguir, mas sair da vida de alguém quando queríamos ficar, não é fácil.
Dói e dói um bocado.
A
gente muda o caminho pra não lembrar. A gente procura alguma coisa pra se
ocupar porque qualquer espaço de tempo que sobra a gente acaba encaixando uma
lembrança. E se a janela do ônibus pudesse falar, ela contaria toda a saudade e
toda bagunça que a gente joga por ela enquanto não chegamos no nosso destino.
A
pessoa estuda na mesma faculdade, está no mesmo ciclo de amizade, faz o mesmo
curso e frequenta os mesmos lugares nos finais de semana. Impossível não
esbarrar. O medo é ir a esses lugares e perceber que o amor ainda existe. A
gente tenta disfarçar a dor, usar a saudade como curativo e esconder todas as
brechas só pra não demonstrar que o peito ainda está entreaberto.
A
gente tenta disfarçar que não dói ver aquela pessoa indo embora, mas será que tem
como fingir que não dói tudo aquilo que a pessoa nos deixa? Tudo aquilo que
fica com a gente sem que, sequer, tivéssemos pedido? As músicas que o outro nos
apresentou, a maneira de olhar o mundo e as coisas, os tiques nervosos, o
timbre da voz e o volume da risada.
A
gente tenta disfarçar evitando procurar não saber notícias do outro. Talvez
seja melhor parar de seguir no Instagram, bloquear o Whatsapp, excluir do
Facebook. A gente diz: “Tá tudo bem,
sério”. Mas por dentro, está um caos, ruas devastadas, placas apontando
pros caminhos errados e mais um novo acidente emocional toda vez que em que se
ouve o nome dele. A gente corre de esquina a esquina procurando refúgio, a
garoa do disfarce do lado de fora não é nada perto da tempestade que a gente enfrenta
por dentro.
Às
vezes as pessoas saem da nossa vida da mesma maneira em que entram. Às vezes
saem mais rápido do que queremos ou esperamos. Quando menos se espera, elas
estão em outros lugares, com outras pessoas, fazendo outros planos. Às vezes as
pessoas entram na nossa vida, nos proporcionam sensações incríveis e momentos
tão intensos que quando vão embora, parece que tudo só durou um cochilo.
Algumas pessoas chegam e só vão, não te dão motivos e te deixam sem resposta
pra absolutamente tudo. Talvez as pessoas entrem na nossa vida com um único
propósito: nos ensinar algo ou aprender alguma coisa com a gente.
Talvez
você não precise envolver ninguém na tua bagunça agora. Talvez você precise
organizar essa bagunça que ficou e não mais empurrar pra debaixo do tapete ou
jogar embaixo da cama e disfarçar que tá tudo bem. Não se sinta culpado por não
ter dado certo ou porque o outro está aparentemente feliz agora. Talvez você
tenha sido alguém escolhido pra preencher aquele espaço e tempo porque precisava
aprender algumas coisas ou talvez, porque precisasse ensinar.