Nossa
vida é feita de escolhas, nem sempre doces, nem sempre amargas.
Muitas
vezes nossa escolha implicará termos que deixar para trás algo que já é certo,
que faz parte de nossa jornada, para que possamos caminhar em outras e novas
direções. Essa tomada de decisão nunca será fácil e, quando envolver o
desapego, o ‘abrir mão de’, aí tudo se tornará pior, pois o que decidirmos poderá
mudar as coisas, sem que possa haver volta.
Ninguém
está livre de, repentinamente, ver-se diante de alguma proposta tentadora de
emprego, de estudo, de ser convidado para iniciar novos projetos em algum lugar
bem distante, em outra cidade, em outro país. Da mesma forma, ninguém está
livre de se sentir entediado e insatisfeito com a vida que leva, ambicionando
uma vida outra, totalmente oposta ao que tinha até então. Seja por conta de
propostas ou de sonhos pessoais, certo é que a vontade de mudar pode surgir a
qualquer instante.
Nesses
momentos, muitos de nós estaremos diante de um grande dilema, uma vez que nas
oportunidades talvez não possa caber ninguém mais além de nós, ou seja, teremos
que optar por aceitar ou não uma nova jornada, mas deixando para trás um
parceiro, um lar, amigos, toda uma vida anterior. É como se fôssemos começar do
zero, embora nossas vidas já estivessem preenchidas, inclusive nossos corações.
Assim, aceitar o novo significará uma ida solitária, somente com nós mesmos,
nada nem ninguém mais.
A
questão é que não temos o dever de esperar pelo outro enquanto ele fica lá
longe realizando seus sonhos, sem nós, por tempo indeterminado. Passivamente
assistimos, como meros espectadores do outro lado da telinha, às conquistas que
poderíamos – e deveríamos – estar desfrutando junto, a menos que assim o
desejemos. A distância física demorada acaba por provocar o afastamento
emocional, o arrefecimento da carga afetiva, porque simplesmente a gente se
acostuma tanto com a presença quanto com a ausência. Isso é sobrevivência.
Como
se vê, quanto mais vivermos, mais escolhas teremos pela frente, mais renúncias,
ganhos e perdas acumularemos, pois é assim que a vida age, chacoalhando,
incitando, promovendo o novo, mas quase nunca de uma forma tranquila. Optar
sempre será doloroso, simplesmente porque, ao escolher algo, alguma coisa será
preterida. É preciso que tenhamos clareza quanto à importância real de tudo e
de todos que fazem parte de nosso caminhar, para que não deixemos para trás
justamente aquilo que nos alimenta a alma.
Como
dizem, a fila anda, e anda tanto para quem vai lá na frente, quanto para quem
está no final dela. Podemos ir, sim, mas, quando voltarmos, possivelmente nada
mais será como antes.