Não
podemos nos permitir iludir alguém com aquilo que não estivermos dispostos a
assumir, pois isso equivale a levar dor para a vida de quem não merece sofrer.
Existem
várias situações que nos levam a desacreditar do amor, a nos desiludirmos a
ponto de tomarmos a iniciativa de nunca mais nos entregarmos a alguém, porque
então parecerá que sempre iremos nos decepcionar. Num primeiro momento,
acabamos nos dispondo a tornar nosso coração fechado, um lugar onde não caberá
mais ninguém além de nós mesmos.
Guardar
um lugar especial dentro de nossos corações para nós mesmos sempre será bom,
pois a autoestima deve permanecer saudável, para que não nos julguemos nem
mais, nem menos do que realmente somos. É assim que nos preparamos para dividir
e compartilhar sentimentos sem que nos esqueçamos de nós mesmos e sem que nos
esqueçamos do outro nesse percurso.
Entretanto,
não podemos deixar de nos permitir a entrega completa e transparente ao quem
vem ao nosso encontro com o coração pulsando e a mente aberta. Não conseguiremos
sorver todos os prazeres que uma relação promove, caso estejamos por demais
machucados, desiludidos e, portanto, decididos a compartilhar pela metade, aos
poucos. A entrega amorosa necessita de reciprocidade, de imensidão, de lotação,
ou não floresce.
Iniciar
um relacionamento amoroso quando não se está completamente pronto a se despir
dos receios e das desconfianças que não se dissiparam, enquanto o coração ainda
se encontra pesado e ressabiado, será inútil e muito provavelmente trará
dissabores para ambas as partes. Não podemos nos permitir iludir alguém com
aquilo que não estivermos dispostos a assumir, pois isso equivale a levar dor
para a vida de quem não merece sofrer.
O
coração necessita de espaço livre e de leveza para que possa novamente se
preencher com tudo aquilo que o amor tem a trazer. Logicamente, nesse pacote
vem junto alguma dor, alguns conflitos, mas a verdade sempre será mais forte do
que qualquer contrariedade. É covardia deixar alguém se aproximar com
sentimentos sinceros, quando sabemos que ainda não nos entregaremos com volta
transbordante.
No
mais, as decepções amorosas não devem servir para nos tornarmos cada vez mais
fechados aos encontros que a vida traz, mas sim para nos motivar a jamais
desistirmos de amar, de novo e de novo, pois é assim que nos encontraremos e
encontraremos quem será nosso repouso de alma, nosso recanto de calma, nossa
cumplicidade de vida. E será então pleno, porque vivido, remoído, transpirado e
impresso dentro de nós.
Via: O Segredo