Me
marca em publicações que cê acha que combina comigo, e até naquelas que nem
combina tanto. Me conta um pouco sobre o teu dia mesmo quando eu não perguntar
nada. Me faz perguntas, me dá respostas. Fala comigo sobre o almoço que cê
estragou, sobre a receita de mousse que cê finalmente aprendeu, sobre mais uma
coisa que você descobriu ter alergia. Me fala sobre as notícias do JN, puxa um
assunto sobre alguma série favorita. Fala sobre qualquer coisa, que mesmo que
eu já tenha ouvido, eu vou te ouvir mais uma vez como se fosse a primeira vez
de todas.
Diz
pra mim que cê pensa em viajar, aproveita me contar se você prefere calor ou
frio. Fala sobre o teu edredom, sobre o que você costuma fazer quando está
sozinho, sobre o que pensa fazer amanhã. Me dá bom dia, se estiver com pressa,
me manda, ao menos uma carinha sorrindo.
Me
fala sobre a gritaria das crianças do teu vizinho, sobre o tanto de coisa que
você precisa estudar e o tanto de insônia que resolveu perturbar a tua memória.
Fala comigo até cansar, quem sabe a insônia passa e o sono chega.
Me
conta mais sobre você, sobre os teus medos bobos, teus vícios musicais e tuas
manias irritantes. Me manda nudes da tua alma, do teu sorriso frouxo, da tua
voz meio quieta quando fica sem graça. Me fala sobre os teus discos, teus
filmes favoritos, me conta um pouquinho da tua infância, sei lá. Me manda uns
textos que você curtiu, fala sobre livros que cê comprou e nem leu, sobre remédios
que cê tem alergia. Me fala sobre animais de estimação, sobre coisas
aleatórias, sobre signos e pessoas que te tiram a paciência.
Me
fala sobre os teus fetiches, sobre o tempo que cê tem livre. Me fala sobre
você, sem vergonha, sem orgulho, sem receio, que eu quero entender mais você.
Me fala até sobre esse vácuo que fica quando o assunto acaba entre a gente, mas
não me deixa no silêncio. Me fala sobre
tudo mesmo quando estiver sem assunto. Me fala sobre o nada, mas me fala alguma
coisa, por favor.