Nesse
momento, a música está tão alta justamente para não poder ouvir os gritos do
meu coração. O meu desejo é abandonar tudo no trabalho e correr para fazer as
pazes com ele. Sinto como se tivesse levado golpes certeiros no peito. Dói
demais ficar horas sem conversar, sem trocar carinhos, sem saber que há alguém
pensando coisas boas sobre você.
Ele
não tentou me atingir propositalmente, mas, infelizmente, acabou atingindo. As
nossas diferenças, às vezes, geram conflitos inevitáveis. No entanto, são elas
que me fazem amá-lo mais. Ontem, antes de acontecer, eu o olhava e pensava como
poderia amar tanto alguém em tão pouco tempo. E aí, tanto sentimento acaba gerando
faísca, causando atrito.
Faz
parte de todo e qualquer relacionamento, eu sei. Mas como é difícil, não? Como
dói perceber que o outro nem sempre pode atender suas expectativas. Como dói
ser paciente e ponderado, diante do calor das emoções. Como é difícil abrir mão
de traumas e frustrações passadas, que acabam influenciando na relação.
Relacionar-se é lidar com desafios o tempo todo.
Mais
do que isso, é aceitar a imperfeição do outro. É desconstruir a ideia do amor
ideal, perfeito e de conto de fadas. Enquanto você erra em algo, ele está
errando em outro. Uma sucessão de imperfeições que precisam de equilíbrio.
Sobretudo, precisam de tolerância e humildade. O orgulho precisa ceder ao amor,
ao desejo de estar junto, à disposição.
Fazer
as pazes nem sempre é concordar com o outro, não é se anular. É apenas entender
que não é possível que alguém atenda a todas às suas expectativas. As brigas
serão inevitáveis, mas o perdão deve ser constante. É preciso aprender a
descomplicar, a valorizar o simples, o que faz bem. Vivemos a caçar pelo em ovo, no entanto, o
pelo pode ser apenas um cisco no nosso próprio olho. Vale ficar atento.
Via: Sem Travas na Língua