Não
sejamos hipócritas: aparência importa sim! Importa em uma apresentação de
trabalho, importa na vida social, importa para a autoestima e importa até, no
primeiro encontro com aquela pessoa que você quer sair há séculos.
Sem
contar que a aparência diz muito sobre quem somos e revela traços marcantes da
nossa personalidade. Mas, chega uma hora em que é necessário mostrar além da
beleza física. É necessário que outras qualidades como inteligência, senso de
humor e generosidade venham à tona e deixem explícito quem, realmente, somos.
Entrar
em uma calça 38 é mágico! Sentimo-nos as próprias mulheres maravilhas (sem o
cinturão e o poder de voar). Mario Quintana tinha até um jeito irônico de dizer
que a beleza física é tão importante quanto à interior: “dizes que a beleza não é nada? Imagina um hipopótamo com alma de
anjo... Sim, ele poderá convencer os outros de sua angelitude – mas que
trabalheira!” Não há como discordar. Claro que o ser humano é formado por
um conjunto de qualidades que o tornam belo e isso envolve o físico, o interior
e suas atitudes.
Chamar
a atenção pela beleza externa é bom, mas você já experimentou encantar as
pessoas com sua inteligência e com seu bom humor? Já sentiu a sensação de ser
admirada por ser, simplesmente, você? Não tem silicone, bronzeamento a jato e
50 kgs cravados em uma balança que superem o prazer de uma boa conversa.
Pessoas bem-humoradas são agradáveis, inteligentes e estar perto delas é, no
mínimo, apaixonante. José Ortega y Gasset dizia que “a beleza que seduz poucas vezes coincide com a beleza que faz
apaixonar”.
Lembra
da famosa frase de Antoine de Saint-Exupéry, em ‘O Pequeno Príncipe’: “eis o meu segredo. É muito simples: só se
vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”? Então, não são os
olhos que devem se lembrar da sua verdadeira beleza, é a alma. Pessoas bem
resolvidas demonstram coerência entre aparência e essência e deixam isso explícito
em suas atitudes diárias.
Claro
que é importante cuidar da saúde e ficar atento a ela, mas cuidar da mente e do
autocontrole emocional é tão importante quanto. Karl Marx dizia que “se a aparência e a essência das coisas coincidissem,
a ciência seria desnecessária.” Seu currículo pode ser invejado e a Apple e
a Microsoft podem ser suas referências profissionais, mas se você desconhecer
as palavras ética, caráter e humildade, sua reputação estará condenada a
afundar mais rápido que uma âncora jogada ao mar.
Mesmo
com os valores invertidos na sociedade, o ‘ter’ jamais terá mais valor que o ‘ser’.
Não importa se você tem o título de Miss Universo, o corpo mais definido que
uma fisiculturista e toma mais Whey do que água. As pessoas não ligam para
isso. Elas se importam com a forma como você as trata. As pessoas lembrarão de
você pela generosidade que pratica, pela bondade que carrega dentro de peito e
pelo sentimento que despertou nelas, seja bom ou ruim.
Nada
contra gente sarada. Acho lindo (confesso que até queria ter aqueles gominhos
no abdômen)! Mas queremos gente sarada por dentro e por fora. Dessas que comem
batata doce e batata frita. Que tomam suco verde, mas que não tentam convencer
o outro de que é a melhor coisa do mundo. Que entrem em suas calças 38, mas que
respeitem as nossas calças 44. Que chorem fazendo seus abdominais, mas riam com
nossas piadas nos finais de semana. Gente que aparenta ser bonita por fora e
que é maravilhosa por dentro.
Sabe,
bonito mesmo é cumprimentar o senhor que busca as latinhas na rua da sua casa
pelo nome. É sair para correr e levar água para os cachorrinhos de rua. É
deixar mais leve a vida de quem carrega mais peso que você na academia,
distribuindo amor, carinho e atenção. É deixar o narcisismo de lado e ser mais
humilde.
Pele
enruga, cabelo cai, corpo muda. O que fica mesmo é o bem que você fez para quem
nunca pode te retribuir. Como dizia Nelson Rodrigues: “ser bonita não interessa, seja interessante...”