Nossa
salvação, em certos momentos, dependerá de renúncias, de desapego, de conseguir
deixar para trás coisas e pessoas que queríamos junto.
Pois
não deve haver quem nunca teve vontade de recomeçar do nada, do zero, dos
escombros emocionais em que se encontra, olhando somente para a frente, lá na
frente, sem hesitação. Quem não desejou sumir, cair em outro planeta, mudar de
pele, de planos, de sonhos, de tudo. Quem não se arrependeu das escolhas, dos
amores nutridos, do que se investiu, do que se construiu.
Chega
um momento, cedo ou tarde, em que a colheita se torna tão inevitável quanto
amarga. Porque não há quem sempre acerte, quem não se decepcione, não se
apaixone por gente errada, quem não tenha se equivocado no emprego, em casa, na
rua. Embora sempre haja tempo para mudar, para reparar erros, mudar
comportamentos, mudar o rumo do que se veio fazendo, muitas vezes as mudanças
de que precisamos nos pedem desistências de muito do que esteja em nós.
Nossa
salvação, em certos momentos, dependerá de renúncias, de desapego, de conseguir
deixar para trás coisas e pessoas que queríamos junto. Muitos de nós acabamos
nos prendendo ilusoriamente a muita coisa que nada mais faz do que nos achatar,
subtraindo e sugando nossa essência, enquanto confundimos carência com amor,
subserviência com amizade, costumes com necessidades. Juntar coragem para nos
defender de nós mesmos e de nossas amarras cegas será essencial ao nosso
recomeçar.
Quando
tudo doer dentro de nós, a ponto de nos retirar qualquer raio de esperança,
qualquer faísca de luz, quando já tivermos tentado e tentado além de nossas
forças, além do que nosso coração é capaz de suportar, é momento de recomeçar.
E recomeçar tanto em alguns setores específicos que nos desgastam, quanto
recomeçar em tudo, por completo. Nunca será fácil nos desprender das pedras a
que nos apegamos, porém, as recompensas virão e compensarão toda escuridão que
tenhamos atravessado nessa nova jornada.
Ninguém
está livre de passar por atribulações e ventanias emocionais doloridas, por
conta das sementes que equivocadamente semeou enquanto corria atrás de seus
sonhos. Todos estamos sujeitos a colher dores amargas, tanto pelo que fizemos,
quanto pelo que não fizemos, seja por qual motivo tenha sido. No entanto, todo
dia é tempo de recomeçar, de reiniciar a semeadura, de aprender com a dor e se
fortalecer, tornando-se mais confiante de si e do que quer ao lado, bem como do
que não quer mais junto. Enquanto vida houver, o recomeço estará pronto para
nos receber.
Via: O Segredo