Do
que morrem os relacionamentos, hein?
Morrem
de falta de tesão? Com certeza.
Morrem
de excesso de ciúme? É claro.
Morrem
soterrados pelo comodismo? Todos os dias.
Morrem
por causa de fios de cabelo encontrados em paletós? Sem dúvida. Mas os
relacionamentos morrem, principalmente, porque permitimos que a vaidade nos
transforme em pessoas incapazes de evitar pequenos atritos e tolerar minúsculos
deslizes.
Ao
contrário do que você pensa, a maioria das relações não vai a óbito por causa
da descoberta de amantes ou devido a acontecimentos que fazem com que as amigas
repitam, diversas vezes, “eu não
acredito”: a morte de uma relação, geralmente, é consequência direta do desgaste
gerado por pequenos – porém, muito frequentes! – arranhões.
Não
entendeu? Serei mais claro: a expressão “não
enche meu saco!”, por exemplo, quando desferida somente uma vez, não parece
ser muito nociva a um relacionamento. Certo? Agora pense no poder destrutivo
que a mesma expressão pode adquirir se repetida mais de trinta vezes. Pensou.
Agora some isso a outras atitudes estúpidas recorrentes e, sem dúvida alguma,
terá a receita perfeita para a corrosão de um laço.
Não
só isso: envenenamos as nossas relações aos poucos, em doses homeopáticas, com
o empurrão dos microscópicos sapos que insistimos em não engolir. “Nem fodendo!”, berramos, pisando firme
e sem perceber que um simples silêncio geralmente basta para evitar
microfissuras nas estruturas essenciais à relação. E sabe por que não engolimos
sapinhos que desceriam facilmente em nossas goelas? Por causa de orgulho. Só
por isso!
Somos
demasiadamente orgulhosos para perceber que, a cada vez em que nos esforçamos
para transformar pequenos esbarrões em guerras, mais uma gota de sangue da
relação drenamos. E assim – de picuinha em picuinha, de pelo em ovo em pelo em
ovo, de grito em grito, de acusação em acusação e de aspereza em aspereza -,
vamos minando as chances de as nossas relações darem certo e sobreviverem aos
nossos braços intorcíveis.
Matamos
os nossos relacionamentos com o auxílio das inúmeras miudezas que, em vez de
simplesmente deixarmos ‘pra lá’ – e fingirmos que nunca aconteceram! - afiamos
até que se tornem argumentos para ofensas cortantes e justificativas capazes de
nos iludir o bastante para acharmos que temos o direito de elevar o tom da voz.
O
que eu sugiro? Sugiro que faça mais vista grossa, que deixe mais escorregões
passarem, que seja mais tolerante em relação aos defeitos dela (ou dele), que
controle essa sua vontade de provar que você está sempre certo e que não se
esqueça de que mesmo um perdão pedido de joelhos, muitas vezes, é incapaz de
apagar da memória as palavras ditas sem pensar. Sacou?
Não,
meu caro, isso não é fazer papel de otário. Pelo contrário! Pois aprender a
domar o ego em prol da sobrevivência de uma relação, com certeza, é uma das
atitudes mais inteligentes que conheço.
Via: EOH