A
noite foi longa, desde o momento que pisei na rodoviária até o embarque no
ônibus, um filme constantemente passava em minha cabeça, um mar de lembranças
me afogava a cada piscar de olhos, eu estava a caminho de um destino conhecido,
trilhado por meus pés muitas vezes, mas dessa vez estava sendo diferente, dessa
vez não haveria mais aquele sorriso me esperando, ou aqueles olhos marejados,
dessa vez você não estava do outro lado.
Ao
abrir os olhos pela manhã deparei-me com paisagens tão conhecidas, era como se
eu enxergasse nós dois caminhando por aquelas ruas, ora correndo, mãos dadas e
aquela vontade imensa de alinhar os planetas para que enfim ficássemos juntos
sem barreiras, ou apenas chegasse a tempo de pegar aquela sessão de cinema.
Resolvi
então andar pela cidade, para rever alguns lugares, peguei alguns ônibus e por
muitas vezes senti vontade de dar sinal, descer e contemplar você e eu,
felizes, como se não existisse mundo além de nós ali, em alguma paisagem daquela
cidade que te levou de mim.
Foi
um dia cansativo, sobretudo difícil.
Você
não estava ao meu lado, mas eu por várias vezes tive a impressão que
materializava você, sorrindo, com fome, ansioso e até bravo ao meu lado. Pude
de tão perto ver minha lucidez se esvair na constante loucura de ter você só mais
um pouco.
E
não, eu não segurei as lágrimas!
Quando
finalmente, retornei pra casa, e me joguei naquela cama fria, um silêncio
absurdo, num surto te vi entrar, fechar a porta e simplesmente, sumir. Eu
estava literalmente sozinha, embora ansiasse por você como a minha mais doce
tortura.
Eu
bem pensei ter amado algumas pessoas, mas compreendo que amor é o que eu sinto
por você. Amor esse que me faz degustar de sua companhia, jeito e manias, sem
que eu ao menos o veja, e sim apenas o sinta!
Se
essa vida, me desse uma segunda chance, eu daria ela a você.
Pois
não há minha vida, sem a sua vida, nessa vida, vida minha!
Via: Feita de Fé