Tenho
receio daquelas pessoas que só enxergam negatividades na vida.
Conheço
gente que, ao invés de tentar sair do fundo do poço, continua descendo degraus
à procurando da parte mais funda. Tem gente que não sabe subir escadas; tem
quem gosta de ficar no fundo. Muitos por aí, ainda acham que problemas são
mochilas. Tem outros que pensam que as tristezas que passaram se tornaram
bagagens indispensáveis.
Longe
de mim pensar assim. Por isso, cismo de vez em quando. Me pergunto qual a
necessidade de cavar em volta da vida, pra vê-la afundar, quando o normal seria
erguer os degraus. Penso que não entenderam a engenharia da vida, que pede pra
ser erguida para fora, para cima.
Tenho
cisma de quem não quer mudar. De quem vendou os olhos e reduziu o vocabulário.
Agora só enxerga o que quer e só fala do mal que sente. E assim vai gastando
seu tempo, se enredando nas próprias dificuldades.
Tem
gente que gosta de andar com a luz apagada, soprando a luz dos outros.
Me
refiro a quem vive em uma estação só. Gosta de uma cor só, tem repertório
limitado. Tem gente que só sabe cantar uma melodia, só fala melancolias, só
sabe vestir a alma de cinza, num constante inverno de emoções.
Me
pergunto qual a necessidade disso.
Cismo
às vezes, por que não entendo as justificativas.
Sinceramente,
os motivos não justificam. Tanta cor para se vestir os dias, tantas
possibilidades de alegrias, tantas bênçãos recebidas... Então, cadê os olhos
abertos, pra enxergar as doçuras dessa vida? Cadê os passos firmes, pra sair da
zona desconfortável que é a vida sem perspectivas?
Quero
mais é fugir dessas pessoas redemoinhos, que adoram fazer girar o pessimismo em
volta de si e lançar nos que estão por perto. Quero ficar longe desses ventos contrários.
Tenho
cisma de gente negativa porque, por mais que eu me esforce, não consigo
entender: pra que descer degraus se é pra cima que a vida caminha?
Alessandra
Piassarollo